08 junho 2016

A HORA DA ESTREIA DE «O PAI TIRANO»

Depois de nos terem assegurado em 2011 que daquela vez é que era, mas onde a execução orçamental dos últimos quatro anos se veio a revelar um encadeado de falhas, não pode deixar de ser uma espécie de paródia o esquiço de seriedade como a questão (gratuita) do optimismo ou do pessimismo das previsões macroeconómicas deste outro governo foi arrastado para o centro do debate político. Fazê-lo é fingir considerar credível os processos como essas previsões são estimadas. Fazê-lo é fingir considerar isento o processo como elas são depois avaliadas. Aqui entre nós, é só para chatear. Troque-se a equipa, mantêm-se a chateação e mudam os chatos. Para mim, a genuína genética portuguesa para o rigor das previsões consubstancia-se no ralhete de uma personagem do filme O Pai Tirano quando ele procura fazer com que os colegas se despachem no dia da estreia: Há mais de meia hora que são dez horas e olhem que o espectáculo começa às nove e três quartos... O filme tem 75 anos mas o princípio permanece muito mais válido do que a assinatura de qualquer tratado orçamental.

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