Se recuarmos dois meses e meio no tempo, as divergências entre o primeiro-ministro (António Costa) e o ex-governador do Banco de Portugal (Carlos Costa) eram tais que, perante o facto de o segundo «não pedir desculpa» nem se «retractar» por «declarações ofensivas» num livro que ainda não fora editado, o primeiro manifestava a intenção de processá-lo, tendo até anunciado o nome do advogado que escolhera para o representar. Lendo as notícias, sentia-se a indignação fervente de António Costa por alguma coisa que constava do livro e a que o público ainda não tivera acesso. Dois meses e meio depois, já com o livro publicado e, quase ousaríamos dizes, esquecido, deparamo-nos com uma «admissão» por parte do primeiro-ministro de que, a respeito do que terá sido o pomo da discórdia, terá tomado a iniciativa de ter tido uma conversa telefónica «leal, directa e informal(...)» com o governador, conversa essa que, a deduzir pelos eufemismos escolhidos pelo texto de António Costa, terá decorrido nuns termos tais que Carlos Costa não terá apreciado sobremaneira. E que este último terá interpretado da maneira que António Costa agora faz imensa questão em desmentir: que nunca fizera qualquer diligência (...) em favor de Isabel dos Santos. Eu, pelo meu lado, sinto-me esclarecido sobre as razões e explicações de ambos, embora tenha tido que esperar dois meses e meio. Sinto-me tão esclarecido que creio que nem vale a pena inquirir em que grau de adiantamento estará o processo que fora entregue com tanta pompa e circunstância ao «Dr. Manuel Magalhães e Silva».
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