26 janeiro 2023

AS VIRTUDES DA VERDADEIRA DEMOCRACIA E OS ERROS DE QUEM NÃO SABE ESTAR À ALTURA DAS REGRAS

Por esta altura, admito que será desnecessário perder tempo a explicar quem é George Santos. O episódio é ridículo, mas torna-se incómodo assistir a toda a pressão mediática para que o congressista se demita. O que as notícias não dizem é que George Santos acabou de ser eleito em Novembro passado por 142.472 votos contra os 120.737 recebidos pelo seu oponente democrata numa eleição nominal. (Ou seja, Santos foi eleito pessoalmente, não chegou ao congresso misturado no meio de uma lista mais votada, como acontece com os deputados portugueses) E tratando-se de eleições livres, houve toda uma fase de campanha eleitoral para que, entre aqueles que então o apoiaram e aqueles que se lhe opuseram, descobrir e expor ao eleitorado tudo isto - mentiras, fraudes, apropriação de dinheiros - que agora veio a ser revelado para ultraje da opinião pública. Se não o foi (revelado), foi-o por incompetência daquelas duas partes intervenientes (e interessadas). Não tentem disfarçar essa incompetência tentando agora alterar as regras do jogo democrático, pretendendo instalar sentimentos de honra e vergonha em alguém que, consabidamente, nunca as terá tido. Por outro lado, pragmaticamente, há que reconhecer que o impacto da presença de uma figura como George Santos no congresso é algo menor: ele é um de 435 e o seu mandato será por dois anos. Porque, se estamos a referir-nos a alguém sem quaisquer laivos de honra e vergonha, convém lembrar que os americanos acabaram de passar pela experiência traumática de terem eleito um presidente, que é só um, e pelo período de quatro anos. Depois de Donald Trump (que era só 1) na Casa Branca, os problemas de um George Santos (entre 435) no Capitólio são trocos... Aguentem-no, assumam as vossas responsabilidades e deixem-se de mariquices.

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