30 janeiro 2023

O CENTENÁRIO DA ASSINATURA DA CONVENÇÃO DE LAUSANNE

30 de Janeiro de 1923. Assinatura da Convenção de Lausanne entre a Grécia e a Turquia. Os dois governos acordam em proceder a uma enorme transferência de populações - cerca de dois milhões de pessoas serão afectadas - por forma a que qualquer deles passasse a constituir praticamente um estado nação, com uma população homogénea e sem significativas minorias étnico religiosas. Se a maioria das populações a deslocar respeitavam o padrão étnico-religioso - os gregos eram cristãos ortodoxos e os turcos muçulmanos - havia variadíssimas comunidades - minoritárias, mas mesmo assim constituídas por dezenas de milhares de pessoas - que desrespeitavam esse padrão. Nem todos os muçulmanos que viviam dentro das fronteiras da Grécia eram de cultura turca; e nem todos os gregos que viviam dentro das fronteiras da Turquia eram de confissão cristã.
Em resultado desta Convenção que foi assinada há cem anos e como se depreende do mapa mais acima, cerca de 0,5 milhão de muçulmanos (predominantemente turcos) foram expulsos da Grécia e cerca de 1,5 milhões de cristãos ortodoxos (sobretudo gregos) foram expulsos da Turquia. Estes últimos, e como se lê também no mapa, vieram a constituir cerca de 20% da população grega - proporcionalmente, será 3 vezes mais do que os retornados de África em Portugal nos anos 70. Mas, mais do que números, mais importante será compreender os dramas humanos que esta imensa migração forçada provocou, de que este livro acima narra vários casos. Paradoxalmente, o olhar analítico, distanciado de um século, obriga-nos a reconhecer que, apesar do trauma, esta solução terá evitado inúmeros pretextos adicionais para a ocorrência de conflitos posteriores entre gregos e turcos. A nota final é para a forma como o assunto foi noticiado (abaixo): Curzon era o ministro britânico das Negócios Estrangeiros, e aos jornalistas escapou-lhes por completo o que de mais importante acontecera. É uma tradição, quase...

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