1 de Outubro de 1942. O Diário de Lisboa dedicava uma parte das suas páginas centrais para fazer uma reapresentação - com fotografia - de quem eram então os altos comandos da Wehrmacht (as forças armadas alemãs). O problema era que, o artigo estava todo cheio de asneiras. Realce-se esse facto, para que não se pense que, quando se critica a incompetência dos jornalistas da actualidade, a crítica surge em contraponto a um passado de qualidade e que se assistiu de então para cá a uma degeneração da profissão. Há oitenta anos já era assim:
Para uma das críticas convém esclarecer um aspecto prévio: no exército alemão, a patente de Marechal é honorífica e não se distingue funcionalmente da de general. O que não invalida que os Marechais sejam Marechais, mais do que os Generais que são apenas Generais. Tanto por rigor como por delicadeza, na apresentação fotográfica dos dez comandantes que aparecem à direita, teria convido não despromover alguns dos Marechais a Generais, como o fez o Diário de Lisboa a Albert Kesselring (1ª fila), Günther von Kluge (3ª fila) e Wilhelm von Leeb (5ª fila). Mais importante do que descortesias protocolares, acontecia que este último (Leeb) deixara de exercer qualquer comando desde Janeiro de 1942, ao contrário do que aparecia descrito no artigo. O mesmo acontecera de resto com o Marechal Wilhelm List, que fora destituído do seu comando em 9 de Setembro. E o mesmo acabara de acontecer com o general Franz Halder (24 de Setembro), descrito na parte sublinhada do texto como «um dos mais valiosos colaboradores militares do Führer e o seu mais directo conselheiro pessoal»... Mesmo sem questionar os critérios, mormente algumas omissões, não se pode dizer que este artigo primasse pelo rigor na apresentação d«as individualidades que, neste (naquele) momento, ocupa(va)m os pontos de maior destaque na hierarquia militar do Reich». O que não existia há oitenta anos era uma página de comentários onde se pudesse rachar o artigo de cima a baixo.
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