13 outubro 2022

O VOO 571 DA FORÇA AÉREA URUGUAIA

13 de Outubro de 1972. Um avião Fairchild FH-227 da Força Aérea Uruguaia, vindo de Montevideu, descola do aeroporto argentino de Mendonza para realizar a sempre delicada transposição da cordilheira dos Andes, tendo como destino Santiago do Chile. O aparelho transporta 45 pessoas, 5 tripulantes e 40 passageiros, muitos destes últimos são jogadores de uma equipa de râguebi, que, numa digressão, irá disputar uma série de jogos contra algumas das suas congéneres chilenas. O voo 571 da Força Aérea Uruguaia nunca chegará ao destino. Por um erro de navegação despenhou-se num glaciar a 3.600 metros de altitude nesse mesmo dia. Apesar da violência do embate, as circunstâncias em que ocorreu fizeram com que houvesse apenas 12 vítimas mortais directas e 33 sobreviventes. Contudo, a localização remota do local em que ocorrera o acidente, desviado da rota prevista, e as condições extremas do local fizeram com que os feridos e outros viessem a perecer sucessivamente sem que aparecesse resgate. O episódio só veio a ter um desfecho quando dois membros desse grupo de sobreviventes - já então limitado a apenas 19 pessoas - vieram a ser encontrados no Chile, depois de terem desistido de esperar por socorro. Estava-se a 22 de Dezembro de 1972, dez semanas depois do acidente. Mas o aspecto mais controverso do que acontecera é que os sobreviventes, para o conseguirem, haviam sido forçados a recorrer à prática do canibalismo. E no entanto, as condições por que que todos haviam passado haviam sido tão deploráveis que 3 dos 19 vieram a morrer já depois de resgatados, deixando um saldo de 16 sobrevivos. Em média, haviam perdido 29 kg naquelas dez semanas. O episódio permanece, até hoje, uma daquelas situações limite que nos deixam a reflectir sobre os nossos valores.

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