21 de Outubro de 1952. A notícia que era oriunda de Nairobi, capital da então colónia britânica do Quénia, informava detalhadamente o leitor português do teor da alocução que fora proferida naquele dia pela rádio pelo governador da colónia, com excepção do detalhe mais importante: que nessa alocução Sir Evelyn Baring (o governador) proclamara o estado de emergência naquela colónia (...assim se detectam as teias da censura em Portugal). Começara uma espécie de semi-guerra colonial que virá a ficar conhecida como «a Revolta dos Mau-Mau» (1952-1960) A primeira fase deste estado de emergência acabado de proclamar há 70 anos será a detenção dos 180 líderes nacionalistas mais proeminentes (foto acima), incluindo aquele aquele que virá a ser o primeiro presidente do país: Jomo Kenyatta. A consequência é que a revolta virá a ser conduzida predominantemente pela ala militar (e menos sofisticada) do movimento nacionalista queniano. Outra característica é que esta revolta, ao contrário de praticamente todas as outras ocorridas em África contra o domínio colonial depois da Segunda Guerra Mundial, não recebeu apoio material significativo de nenhuma potência externa - nomeadamente os suspeitos do costume, a União Soviética e a China. Os rebeldes Mau-Mau bateram-se contra as autoridades britânicas com equipamento primitivíssimo (abaixo). No seu computo global, a operação de contra subversão revestiu-se, do ponto de vista estritamente militar, da simplicidade de uma operação policial, dada a discrepância dos meios de combate em presença. E no entanto, de maneira ridícula, os britânicos adoram enumerar este episódio menor como um dos seus sucessos numa guerra contra-subversiva, colocando-o em contraponto a fracassos dos seus aliados, como o dos franceses na Argélia ou o dos americanos no Vietname.
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