14 outubro 2022

O PRINCÍPIO DA CRISE DOS MÍSSEIS DE CUBA

14 de Outubro de 1962. Um avião espião U-2, pilotado pelo major Richard S. Heyser da USAF, fotografa os sítios em Cuba onde os soviéticos se preparavam para instalar mísseis MRBM SS-4 e IRBM SS-5 com capacidade para atingir o território dos Estados Unidos. A fotografia havia sido tomada a uma altitude de quase 22 quilómetros (!) (o dobro da altitude de um voo de um avião comercial), mas a fotografia continha os detalhes suficientes (acima) para que os analistas norte-americanos ajuizassem com alguma precisão quais eram as intenções soviéticas: a instalação de sites de lançamento de mísseis com capacidade de transportar ogivas nucleares e alcance suficiente para atingir os Estados Unidos. E queriam-no fazer subrepticiamente, para confrontar os Estados Unidos com o dispositivo instalado. É o início do que virá a ser a Crise dos Mísseis de Cuba, tópico que voltaremos a abordar nestas evocações e que costumava ser considerado o momento histórico em que mais próximo se teria estado de uma confrontação nuclear entre as duas super-potências. Esse momento-expoente do belicismo nuclear foi recentemente levado ainda mais além por Vladimir Putin e por outros responsáveis do Kremlin, que ultrapassaram em declarações tudo aquilo que os seus antecessores de há 50 anos se haviam permitido dizer. Mas, tirando talvez o presidente dos Estados Unidos, mais ninguém proeminente quis conferir seriedade às ameaças do presidente russo. É por estes casos que se percebe que, apesar de ter a fama, Joe Biden não tem o proveito de gerir a agenda mediática mundial. Em registo mais ligeiro e numa daquelas coincidências irónicas em que a história é fértil, o jornal britânico «Observer» desse mesmo dia 14, havia escolhido criticar os Estados Unidos pela sua obsessão no que respeita a Cuba.

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