Esta é apenas mais uma história recente e engraçada, a troçar de todo aquela intelectualidade entendida e especializada em pintura contemporânea que, neste caso, terá permitido deixar passar impune por 75 anos a exibição desta obra de Piet Mondrian de cabeça para baixo. O teste do tempo comprovou que o erro não é grave: nem se deu por ele. Podemos (e devemos) até mostrar uma condescendência irónica para com a substância onde assentará o rigor da tal intelectualidade referida mais acima. Mas vivemos tempos em que o problema que se coloca, ao contrário do passado, não é do excesso de rigor, mas do excesso de condescendência. Nem tudo o que nos aparece de errado tem a irrelevância de uma pintura abstracta de que se perdeu a noção da orientação que o autor lhe queria dar. Há condescendências que, ao contrario desta, para mim são perfeitamente incompreensíveis. Nos Estados Unidos andam há dois anos em manobras para admitir algo óbvio: Donald Trump não sabe respeitar as regras da Democracia; e quem é conhecido por não respeitar as regras de um jogo, qualquer jogo, é banido de o jogar, seja o jogo que for. Por maioria de razão e de seriedade das consequências, essa sanção deve ser aplicada a quem não aceita jogar pelas regras admitidas o jogo eleitoral em que se fundamentam as sociedades democráticas. É que me parece tão óbvio proscrever Donald Trump dos actos eleitorais, quando me parece óbvio caçoar desta deficiente exposição por tantos anos da obra do famoso pintor holandês.
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