05 outubro 2022

COCÓ, RANHETA E FACADA, OS TRÊS DA VIDA AIRADA

Por vezes, aquilo que torna os episódios embaraçosos em verdadeiramente escandalosos são as iniciativas que se sucedem, a forma canhestra como se o tenta abafado ou minorar o seu significado. Valeu tanto para o caso Watergate quanto parece estar a valer para este recente plágio descarado (veja-se acima) que uma leitora do Público detectou e denunciou. Em síntese, o jornalista Vítor Belanciano pegou num artigo do jornal espanhol El País e foi um ver se te avias. Quando o próprio, que é parte interessada, admite o que admite abaixo (do lado esquerdo), deduza-se o que não será a opinião alguém que não tenha uma visão tão benigna do que terá acontecido... Contudo, uma das raras pessoas com essa visão benigna do que terá acontecido é o director do Público, Manuel Carvalho (abaixo, ao centro), que, depois de condenar em abstracto o plágio como «um dos mais graves actos contra a deontologia profissional dos jornalistas», intercala duas orações no texto, para ir desencantar factores atenuantes - foi mais «negligência do que dolo». Ora se há acto que é difícil de conceber cometido de outra forma que não com dolo é o plágio. A absolvição de Manuel Carvalho é uma agressão à inteligência do leitor. Mas, por ter falado no leitor, o encadeado dos disparates não está terminado sem o aparecimento do Facada deste trio, o provedor do leitor, José Manuel Barata-Feyo (abaixo, do lado direito). Esse, chamado também a opinar pela queixosa, lava as mãos do assunto como um Pôncio Pilatos tardio - não tem «nada a acrescentar aos factos». Nem sequer mostra querer ter uma opinião pessoal sobre os plágios - é mau porque é «condenado claramente pelos textos que regem o exercício do jornalismo». O jornal «tomou as medidas adequadas, embora tardiamentes», ou seja, a toque de caixa, e porque a leitora que denunciou a situação, irritada com a inércia do Público, denunciou a situação ao próprio El País. A heroína de todo este episódio é a leitora Joana Fillol, por sinal a única interveniente no processo que não é paga pelo Público.

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