18 outubro 2022

O ACORDO DE REEMBOLSO DO EQUIPAMENTO FORNECIDO AOS SOVIÉTICOS DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

18 de Outubro de 1972. Por inacreditável que o facto possa parecer, foi só nesta data, passados mais de 27 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, que norte-americanos e soviéticos chegaram a um acordo quanto ao montante que os segundos deviam reembolsar aos primeiros à conta de todas as exportações que haviam sido enviadas para a União Soviética de 1941 a 1945 ao abrigo da Lei de Empréstimo e Arrendamento. Já aqui me referi à importância indispensável dessa operação de Lend-Lease para os sucessos militares registados pelo Exércitos Vermelho. Mas não se pode dizer que os soviéticos se mostraram de boas contas: se as negociações se arrastaram por 27 anos, o plano que foi alcançado há precisamente 50, previa um prazo de pagamento de 30 anos, e o montante a reembolsar era de 722 milhões de dólares, o que representava aproximadamente 25% da factura originalmente apresentada pelos americanos que fora de 2.600 milhões. Mas, mesmo esta, os soviéticos só pagaram a primeira prestação das 30... Foi preciso passarem-se mais 18 anos (1990) para que outro acordo fosse assinado sobre o mesmo assunto, mas agora pelas canetas mais solenes de George H. W. Bush e de Mikhail Gorbachev. O montante foi reduzido para 674 milhões de dólares e o prazo prolongado ainda mais, agora para 40 anos! Depois, com o colapso da União Soviética em 1991, tornou-se a levantar um problema: quem é que herdava a dívida? Foi a Rússia, e vale a pena assinalar, agora elogiosamente, que a pagou toda até 2006! (As fotografias escolhidas mostram cenas da Segunda Guerra Mundial em que o Exército Vermelho está a utilizar equipamento de transporte fornecido pelos americanos - jeeps e camiões Studebaker).
Ligando o que acima se narrou com o que está a acontecer na Ucrânia, diverte-me a indignação dos pró-russos com a capacidade dos norte-americanos em alimentar e municiar a máquina de guerra ucraniana contra a Rússia. É ignorância daqueles indignados, que isto está muito longe de ser a primeira vez que acontece por aquelas paragens. Só que os russos agora estão onde estiveram os alemães: do outro lado.

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