Tanto o leitor quanto a Rita Monteiro, a jornalista que escreve o artigo acima, não deverão ter consciência que, durante o minuto que este artigo lhes demorará a ler, são abatidos, em média, 36 porcos em Portugal (para além de 11 leitões...). É essa outra realidade que torna, por assim dizer, inexplicável de exótica, a notícia - que é um exclusivo jornalístico do Correio da Manhã - que houve um porco, por sinal vietnamita, que morreu nove horas depois de uma intervenção cirúrgica «num hospital veterinário em Lisboa». Se estamos habituados a algum exotismo vindo do Oriente na sua relação com os animais - por exemplo, a relação muito protocolada dos indianos com as vacas, animais sagrados - é novidade para mim estas mesuras para com porcos vindos do Vietname (apesar de se ficar a saber que o porco respondia pelo nome muito pouco vietnamita de Toy...). E confesso que - talvez por causa do croissant com fiambre que comi ao pequeno almoço - não fico com qualquer empatia com os donos do malogrado Toy (foto acima) que, naturalmente insatisfeitos com o malogrado desfecho da cirurgia, apresentaram «queixa-crime contra a unidade (de saúde) e dois veterinários». Definitivamente, eu e eles temos diferentes prioridades sociais. Aqui, trata-se de um animal, não estaremos a falar da seriedade de um hipotético bypass às coronárias de um parente que correu mal. Quanto a este género de notícias, elas fazem parte dos disparates do infotainement (informação + entretenimento), convém que sejam assinaladas como tal, porque há leitores suficientemente estúpidos para não saber distinguir notícias a sério disto. E, enquanto o leitor leu isto tudo, lá foram despachados mais 36 porcos (...e 11 leitões) sem que qualquer desses 36 outros porcos suscitasse uma outra história interessante que a Rita Monteiro nos queira contar...
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