23 outubro 2022

O COMEÇO DA CRISE DOS REFÉNS DO TEATRO DE DUBROVKA EM MOSCOVO

23 de Outubro de 2002. Passava um pouco das 9 da noite em Moscovo quando um comando composto por cerca de 40 terroristas chechenos armados ocupou um teatro daquela cidade onde estava a decorrer uma representação teatral, fazendo um total de, entre artistas e espectadores, mais de 900 reféns. Quanto à reivindicação principal dos assaltantes, que veio a ser apresentada no dia seguinte pelos terroristas via canal de TV Al-Jazeera, era para que o exército russo começasse a evacuar, no prazo máximo de uma semana, a Chechénia ocupada por tropas russas. A partir dessa data iriam começar a executar os reféns. Seguiram-se dois dias de negociações, ao longo dos quais os terroristas foram libertando diversas categorias de reféns (crianças e acompanhantes, muçulmanos, alguns estrangeiros), reduzindo-os a um total aproximado de 700. Mas ao terceiro dia (26 de Outubro) deu-se o assalto. Fora previsto que este decorresse ao mesmo tempo que um gás entorpecente era injectado no sistema de ventilação da sala para dificultar a reacção dos terroristas. Porém, a inalação desse gás (até hoje os russos nunca revelaram a sua composição) veio a revelar-se, mais do que negativa para a reacção dos 40 terroristas, lesiva para os reféns e mesmo fatal para 130 deles. A acção de resgate acabou por saldar-se pelo preço de 170 mortos (os 40 terroristas e mais 130 reféns) e pelo internamento hospitalar de quase todos os restantes reféns. Em termos de imagem pública da eficiência do governo russo (já então presidido por Vladimir Putin), o episódio foi um desastre, mas apenas fora da Rússia. Em termos domésticos, a imagem de firmeza de Vladimir Putin reforçou-o, embora uma sondagem posterior tivesse mostrado que a maioria dos russos não acreditava na versão oficial do que acontecera. A Rússia profunda alicerça-se nestas contradições: aldrabem-na; se for para uma causa que ela considere justa, ela não se importa.

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