Este mosaico de notícias do Público mostra exemplarmente em que consiste na realidade «a resolução de parte dos problemas do SNS» (sic...) prometida por António Costa já há umas boas cinco semanas. Nesse mosaico consegue ver-se que «o aumento das remunerações para médicos que façam mais urgências» tanto serve para ser anunciado a 15 de Junho (canto superior esquerdo) como para ser reanunciado a 19 de Julho (canto superior direito), ou seja, mais de um mês depois. E quanto finalmente o documento se materializa a 26 de Julho (canto inferior esquerdo), mesmo assim uma semana depois do segundo anúncio da ministra, descobre-se que o decreto-lei contém várias cláusulas que não haviam ficado muito evidenciadas nos anúncios preliminares da ministra, nomeadamente uma denominada "norma-travão" (canto inferior direito) que não permite aumentos da despesa em relação à execução de 2019. A dita "norma" tresanda a ministério das Finanças, por muito que o titular da pasta, Fernando Medina, se ande a armar em sonso. O importante é que aqui é que se notam as divergências entre a resolução prometida por António Costa e a solução prometida (e reprometida...) por Marta Temido e os agentes - administradores hospitalares e médicos - que, na estrutura, têm que resolver concretamente os problemas com que o SNS se confronta. A tarefa desses não se esgota em dizer coisas apropriadas para a comunicação social. Neste episódio que ridiculariza ainda mais os governantes, há uma expressão do português antigo (séculos XVI e XVII) que descreve perfeitamente a iniciativa governamental: tarde, mal e nunca.
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