19 julho 2022

A PEQUENA HISTÓRIA COLONIAL DO BANCO COLONIAL PORTUGUÊS

O Banco Colonial Português tivera o capital inicial de 10.000 contos, subscrito na totalidade pela casa bancária Pinto & Sotto Mayor. Por esta escritura acima, de 18 de Julho de 1922, publicada no dia seguinte no Diário de Lisboa, o pacto social é alterado e o capital aumentado para 20.000 contos. Segundo o que se pode ler nos seus estatutos, a instituição tinha por objecto social o fomento e o progresso económico em geral, e agrícola em especial, tanto no continente como nas províncias ultramarinas. Em 1919, as primeiras agências do Banco Colonial Português haviam sido abertas em Luanda e Lourenço Marques. Em 1920, abrira-se a sucursal em Benguela, e nos anos seguintes em Inhambane, Nampula (ambas em Moçambique), S. Vicente (Cabo Verde), S. Tomé, Funchal e Moçâmedes (Angola). Devido à ligação privilegiada com o sector agrícola ultramarino, este outro BCP tornara-se membro fundador em 1920 da Companhia da África Ocidental Portuguesa. Mas a crise cambial desta década de 1920, assim como as alterações surgidas no regime bancário e monetário em Moçambique, pela aplicação de uma portaria que entregava ao Banco Nacional Ultramarino o exclusivo das operações cambiais do Estado, e sobretudo com a diminuição das transferências das colónias para a metrópole, foram tudo factores que deixaram os resultados da instituição muito aquém das expectativas de há cem anos. Escassos dois anos depois, por uma outra escritura celebrada em 12 de Agosto de 1924, o Banco Colonial Português expandiu-se, adquirindo o activo e passivo do Banco Nacional Agrícola, passando então a denominar-se Banco Colonial e Agrícola Português. O Banco Colonial e Agrícola Português, após essa fusão, reforçou o seu capital social para 45.000 contos. Porém, a iniciativa não teve o efeito dinamizador desejado e apenas um ano depois disso (26 de Agosto de 1925) suspendeu os pagamentos. Foi nomeado um comissário do governo: António Henrique de Oliveira e Silva. Por escritura de 22 de Fevereiro de 1927, o capital social veio a ser reduzido para 11.250 contos. E por sentença do Tribunal do Comércio de Lisboa, a 26 de Abril de 1928 a instituição veio a ser reconstituída sob a designação de Banco da Agricultura. Afinal, os cinquenta anos da história deste último Banco da Agricultura (1928-1978), tiveram um cunho muito pouco colonial... Por associação de ideias e por este andar, também estou desconfiado que o actual Banco Português de Fomento é capaz de não vir a fomentar grande coisa, nem por muito tempo... Só espero estar enganado.

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