Publicado em cima do acontecimento, este poste dispensa-se de explicar em que consistiu o episódio ridículo da desautorização, seguida de previsível demissão, do ministro Pedro Nuno Santos, que acabou ao fim da tarde em águas de bacalhau, como se nada tivesse acontecido. Fora um «erro de comunicação», como acima se pode ler. Como já li escrito por aí, é fazer de nós parvos. Depois não se estranhe que os governados devolvam o insulto aos governantes. Sobre este comportamento repetido de evasão à responsabilidade com a consequente erosão da respeitabilidade, a culpa é, completa, do primeiro-ministro António Costa - recorde-se, só para exemplo, Eduardo Cabrita a mentir e a assobiar para o lado a propósito do assassinato do ucraniano pelo SEF, mais recentemente Marta Temido a pedir desculpas como se isso diluísse as suas responsabilidades pela bronca que grassa no SNS, rematado ontem por Pedro Nuno Santos, que se justifica por ter criado uma bernarda a respeito da construção de aeroportos (8.000 milhões!), alegando que comunicou mal. Mas sobre tudo isto, vamos poder apreciar os comentários dos opinadores de fim de semana.
O que esses opinadores não vão fazer, porque isso seria morder a mão que os passeia nos órgãos de comunicação social, será avaliar o comportamento medíocre e completamente complacente por parte de toda a comunicação social em todo este episódio da demissão-que-era-para-ser-mas-já-não-o-foi-da-parte-de-Pedro-Nuno-Santos. A montagem de notícias acima refere-se ao Correio da Manhã, mas o resto da comunicação social comportou-se todo da mesma maneira. No dia anterior, tinham ido todos em rebanho ao anúncio do ministro e tinham saído de lá a balir à solução anunciada dos dois aeroportos, sem manifestarem críticas às contradições da solução com os anúncios prévios do governo. No outro dia de manhã, logo pela manhã, estavam bandeados para o outro lado, dando ressonância à nota do gabinete do primeiro-ministro e pré-anunciando (via Público) demissões a eito; à hora de almoço era o gabinete de Pedro Nuno Santos que contra-atacava e o demitido não se demitia; ao fim da tarde tudo parecia aparentemente solucionado com um acto de contrição de Pedro Nuno Santos e um grande beijo na boca entre ele e António Costa. Este caso em concreto, é um daqueles em que nem se percebe para que são precisos jornalistas nos tempos que correm.
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