1 de Julho de 1962. Ainda não se haviam desencadeado conflitos nas três principais colónias portuguesas de África (faltava a Guiné e Moçambique) e já o principal conflito dos franceses chegava ao seu fim. Em 1 de Julho de 1962 decorria na Argélia um referendo sobre a independência. Referendo baseado nos acordos de Évian, estabelecendo como princípio o valor de 1 eleitor = 1 voto, o facto de haver uma esmagadora maioria de população de confissão muçulmana (cerca de 90%), não oferecia dúvidas quanto aos resultados. Com aquelas regras do jogo, os radicais da OAS que se opunham à independência, estavam à partida derrotados pela demografia e pela aritmética. Os resultados foram conclusivos... e esmagadores. Uma percentagem de 99,7% de votos pelo sim, com uma afluência de 91,9% dos eleitores. Se, num dos subtítulos da notícia, se podia ler que «os europeus» (argelinos de ascendência europeia) «haviam votado em número superior ao que se previra», noutra notícia mais adiante percebia-se de que outro modo eles estariam a votar... com os pés, para recuperar a expressão consagrada por Lenine. Só no mês de Junho de 1962 199 mil pessoas haviam chegado a Marselha, vindas da Argélia. Representavam cerca de 20% do milhão de pieds-noirs argelinos. Mas talvez o aspecto mais importante de todas as notícias respeitantes à Argélia publicadas naquele dia era a demissão de oficiais do incipiente exército argelino, em conflito com o poder político do governo provisório da República argelina (GPRA). Guardado para o futuro, estava o facto do coronel (Houari) Boumédiène (1932-1978), a que a notícia se refere, vir a encabeçar em 19 de Junho de 1965 o primeiro golpe de Estado da história da Argélia argelina. Permanecerá no poder até à sua morte.
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