22 de Julho de 1962. Depois de dois adiamentos, um foguetão Atlas-Agena B transportando a sonda Mariner 1, destinada ao planeta Vénus, descola de Cabo Canaveral. Mas, logo após o lançamento, o foguetão começou a desviar-se da sua trajectória. Os comandos de direcção enviados para a correcção não provocaram qualquer efeito na rectificação da trajectória, e aos 4:53 do voo o foguetão foi destruído por um comando do solo. Por causa da cobertura noticiosa associada ao acontecimento, a investigação para as explicações para o que acontecera realizou-se sob um elevado escrutínio da comunicação social. Após cinco dias de análises, os engenheiros do JPL apuraram o que causara o mau funcionamento na Mariner 1: fora a combinação de um erro de programação e uma falha de hardware que levou à destruição do Mariner.
As equações de orientação escritas à mão continham o símbolo "R" (para "raio"). Esse "R" deveria ter uma linha sobre ele ("R-bar" ou R̄), denotando suavização ou média dos dados da faixa provenientes de um cálculo anterior. Mas faltava a barra na versão manuscrita e, portanto, o programa de computador baseado nessas equações foi incorrectamente transcrito quando codificado para a máquina. Durante a fase ascensional, o foguetão perdeu por fracções de segundo a conexão com a base; como essa era uma situação antecipável, o Atlas-Agena fora programado para continuar um rumo pré programado e, como o programa que o gerava este se encontrava viciado pelo erro de código, o foguete começou a assumir um rumo progressivamente mais errático, até escapar ao controle de terra. Daí a necessidade da sua destruição.
Quem acompanhou o acontecimento e, sobretudo as explicações posteriores para o que sucedera, ter-se-á apercebido, por uma primeira vez, não especialmente das complexidades da engenharia aeroespacial (isso era adquirido), mas sobretudo das enormes consequências de erros aparentemente menores na programação destes engenhos. Ainda não se popularizara a expressão software, embora a expressão bug já fosse empregue em engenharia. E concluía-se que a programação informática era uma actividade para ser levada com todo o rigor. Por causa do esquecimento da transcrição do tracinho, o custo deste pequeno bug informático ficara-se pelos 160 milhões de dólares (a preços actuais), esquecendo-se os danos que o episódio causara à reputação tecnológica dos Estados Unidos em plena Corrida Espacial.
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