09 abril 2024

O NAVIO «HIDROGRÁFICO» QUE OS RUSSOS ROUBARAM AOS UCRANIANOS

9 de Abril de 1994. Uma pequena notícia da Reuters dá conta da defecção da Ucrânia para a Rússia de um dos navios da esquadra do Mar Negro. Como se pode ler nela, o navio estava acostado no porto de Odessa, na Ucrânia, quando a tripulação, estimada em aproximadamente 45 marinheiros e composta predominantemente por russos, contrariando as ordens de Kiev (a quem o navio fora, aparentemente, alocado), decidiu cortar amarras a meio da noite, partindo para parte incerta. Como é costume nestas ocasiões, os queixosos ucranianos atribuíam um valor desmesurado ao prejuízo incorrido com a deserção. A realidade é que o navio, que a notícia identifica como o «Cheleken», fora originalmente construído na Polónia em 1970 e era um daqueles navios que, apesar de classificados por soviéticos como «hidrográficos», estava equipado com equipamentos de escuta e espionagem, para acompanhar as unidades navais da NATO. Como a notícia explica, o processo de divisão dos activos da Frota do Mar Negro entre a Rússia e a Ucrânia, depois da extinção da União Soviética, já levava três anos e estava recheado de incidentes dos dois lados. Recorde-se que isto acontece 20 anos antes da ocupação russa da Crimeia. É uma história de um conflito latente que não tem inocentes. Pode ter ingénuos (como será o caso da Ucrânia, ao ceder o controle do arsenal nuclear em seu território com contrapartidas), mas inocentes não.

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