14 de Abril de 1934. Transcreve-se a notícia do jornal, dada a dificuldade de leitura: «Segundo alguns jornais, constituiu-se nos Estados Unidos uma organização denominada "Camisas de Prata" em que só podem ingressar cristãos americanos cem por cento e que perfilhem a doutrina ariana do hitlerismo. Os seus membros chamam-se "Silver Rangers", ou "cavaleiros prateados" e devem ser "gentlemen" prontos ao sacrifício da sua pessoa e a apoiar a polícia e o exército contra os agitadores vermelhos. O jornal "Liberation", que se aponta como órgão dos "camisas de prata" diz que Roosevelt, "descendente de judeus holandeses, foi eleito graças ao auxílio israelita e que a N.R.A. é uma maquinação de judeus às ordens de Moscovo". Acrescenta que em Herleur (sic), nos arredores de Nova York, há 40.000 negros armados, prontos para um levantamento comunista.»
A notícia não o diz, mas a organização, conhecida por Silver Legion of America, estaria no auge da sua popularidade e contaria então com uns 15.000 aderentes o que, parecendo muito, é perfeitamente irrelevante à escala americana. A NRA criticada é a National Recovery Administration e não a muito mais conhecida (nos dias que correm) National Rifle Association, que se tornou célebre por se opor a toda a legislação que restrinja a venda de armamento nos Estados Unidos. Quanto ao Herleur onde se concentram os 40.000 negros armados, trata-se de uma gralha indesculpável do autor da notícia, referente ao bairro novaiorquino de Harlem, onde 70% da população era negra. No computo geral, pela relevância dada a quem professa ideias radicais, mas amenizando-as e sem lhes conferir qualquer contexto, a notícia pode ser considerada uma longínqua precursora das nossas costumeiras fakenews do século XXI. O führer (passe a ironia) destes legionários prateados chamava-se William Dudley Pelley. Acabou procurado pela justiça (abaixo) e preso e a organização dissolveu-se em 1941.
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