7 de Abril de 1954. Numa «conferência de imprensa» que foi televisionada e radiodifundida (abaixo), o presidente norte-americano, Dwight Eisenhower, confere uma perspectiva estratégica às consequências de uma derrota ocidental na Indochina (Vietname), derrota essa que cada vez mais se tornava provável. Segundo as explicações que dera, a queda da Indochina poderia arrastar atrás de si as regiões adjacentes na Ásia: Tailândia, Malásia, Filipinas, Coreia, Japão, etc. No dia seguinte o New York Times publicava um mapa esclarecedor (acima) e algum tempo depois o discurso e o conceito ganharam uma designação identificativa por causa de uma passagem mais imaginativa do discurso: a teoria do dominó. O «efeito dominó» veio a permitir que as administrações norte-americanas apresentassem como indispensáveis intervenções em locais que não ameaçavam directamente os interesses dos Estados Unidos, locais esses que a sua opinião pública não fazia ideia de onde ficavam, mas que, por efeito de contágio, podiam tornar-se muito perigosos. Como veio a ser o caso mais flagrante do Vietname.
Muito bem lembrado.
ResponderEliminarEsta conferencia de imprensa reflecte uma certa linha de pensamento nos EUA do pos-guerra.
Uma linha de pensamento que se iniciou com a "perca da China" (loss of China)
https://en.wikipedia.org/wiki/Loss_of_China
Expressao usada pela classe politica americana a partir de 1949 quando os comunistas ganharam a guerra civil na China. Uma expressao, de resto, interessantassima!
Repare: eu posso perder o meu relogio, mas nao o seu...
Sei que o A.Teixeira nao concorda com esta interpretacao de Noam Chomsky sobre o resultado final do conflicto do Vietname mas e precisamente com base nesta perspectiva, a qual reflecte, no final de contas pura e dura doutrina de projeccao de poder imperialista em relacoes internacionais, que Chomsky precisamente caracteriza a Guerra do Vietname (e da Coreia, de resto) como empates para os EUA.
As "pecas de domino" no sudeste asiatico que interessava suster, a saber: Indonesia e especialmente, Japao, nao cairam.
Nao se "perdeu a Indonesia". Nao se "perdeu o Japao". Esses relogios continuam na coleccao...
E certo que nem TODOS os objectivos estrategicos foram alcancados pelos americanos, com efeito, metade da Coreia e todo o Vietname foram de facto "perdidos" e os EUA estiveram bem mais perto do que gostariam de admitir no final dos 60 de uma revolucao interna socialista - e e por isso que, aqui no Ocidente caracterizamos estas intervencoes armadas, especialmente o Vietname, como "o maior fracasso (ou derrota) das forcas armadas americanas) - mas de um ponto de vista do imperialismo puro e duro, a que custo foram estas "victorias" extraidas aos EUA por parte das potencias que poderiam projectar poder na regiao e ameacar a hegemonia americana?