08 abril 2024

DE GAULLE DESEMBARAÇA-SE DO SEU RIVAL E CONSEGUE FINALMENTE PERSONALIZAR «A FRANÇA»

(Republicação)
8 de Abril de 1944. Depois de quase quinze meses de uma convivência cada vez mais difícil, os dois generais rivais franceses, Giraud (esq.) e de Gaulle (dir.), têm uma reunião onde o segundo informa o primeiro que o órgão colectivo que dirige a França alternativa a Vichy, o CFLN (Comité Francês para a Libertação Nacional), o pretendia nomear Inspector Geral dos exércitos, por se ter decidido a supressão do último cargo militar de relevo que ainda Giraud desempenhava (comandante-chefe). A reacção foi, como se imagina, tempestuosa, mas o assunto selava a prolongada disputa entre os dois generais. Não só de Gaulle fora muito mais habilidoso politicamente do que o seu rival, limitando-lhe progressivamente os poderes, como a facção que ele encabeçava possuía o ascendente moral de ter estado do lado certo desde 1940, arregimentando simpatizantes entre os rivais (os comunistas, por seu lado, só haviam iniciado o combate em 1941). A acrescer, a conduta de Giraud também não gerara grande entusiasmo entre os americanos: se se lhe colara a fama de ser um "homem dos americanos", na prática, não se comportava como tal. Discretamente, aqueles retiraram-lhe o seu apoio. O que de Gaulle fez, com o seu faro político, foi pressentir o desapontamento de Washington, e atacar na altura propícia. O destaque dado à notícia constituirá uma espécie de humilhação final quanto ao destino do infeliz rival do homem que «sempre tivera uma certa ideia da França».

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