02 abril 2024

A MORTE DO PRESIDENTE FRANCÊS GEORGES POMPIDOU

2 de Abril de 1974. Morte simultaneamente inesperada e esperada do presidente francês Georges Pompidou. A morte é inesperada para o grande público: o presidente Pompidou contava então 62 anos e fora eleito em Junho de 1969 para um mandato de sete anos, que terminaria em 1976. A morte é esperada entre o círculo próximo da presidência francesa e também entre as elites mundiais que estão normalmente mais bem informadas do que os comuns. O presidente padecia de uma doença cancerígena denominada macroglobulinemia de Waldenström que lhe fora diagnosticada alguns anos antes (quantos, é questão de controvérsia). Os tratamentos a que se submetera haviam-lhe provocado alterações físicas - a sua cara inchara, por exemplo, o andar tornara-se arrastado - que era possível disfarçar, a custo, perante a comunicação social, mas que era impossível disfarçar nos encontros com os seus homólogos. Soube-se depois que a CIA, aquando de uma das viagens de Pompidou ao estrangeiro, procedera a uma operação para recolha da sua urina, por forma a fazer um diagnóstico independente da doença que o afectava. Para os primeiros meses de 1974, os cancelamentos sucessivos da agenda presidencial tornavam cada vez mais difícil aos responsáveis do palácio do Eliseu esconder do conhecimento geral os problemas de saúde do seu ocupante. As imagens acima são das suas exéquias, que tiveram lugar a 6 de Abril na catedral de Notre-Dame de Paris, onde, entre os cerca de 3.000 presentes, se contavam 28 chefes de Estado entre as delegações representativas de 82 países. A questão da transparência do estado de saúde do presidente francês foi muito discutida na época, houve promessas de que aquele secretismo não se repetiria, mas, passados uns quinze anos, durante a presidência de François Mitterrand, voltou tudo a acontecer de novo, quase rigorosamente idêntico, mas com a significativa diferença que Mitterrand não morreu em funções, mas apenas oito meses depois de abandonar o cargo.

Sem comentários:

Enviar um comentário