Segundo o que a Lusa pôs a circular, o CDS realiza o seu 31º Congresso este fim de semana em Viseu. Não havendo sequer simulacro de disputa pela liderança, o evento parece que irá decorrer perante o desinteresse geral, mesmo dos aficionados deste género de disputas políticas. O António José Teixeira ou o Sebastião Bugalho, por exemplo, não parecem dispostos a estragarem este fim de semana para irem para Viseu dizerem coisas ao fundo do pavilhão onde decorrem os trabalhos. - como acontecia no passado. Quem os viu e quem os vê... aos do CDS, já que aos outros - Teixeira, Bugalho e os outros da mesma laia - ninguém dará nada por eles se não se fizerem ser vistos, só que tem de ser nas ocasiões em que haja mesmo quem os esteja a ver, mesmo que estejam a dizer baboseiras como neste segundo caso imediatamente abaixo... Com estas significativas ausências (note-se que a imagem abaixo de António José Teixeira é do 27º congresso do CDS...), o CDS tem todo o aspecto de se ter transformado num has been para o comentadorismo político doméstico.
Noutros tempos e do outro lado do espectro, quando os comunistas ainda tinham força democrática para eleger ao menos uma dezena/dúzia de deputados, costumavam arregimentar uma organização satélite denominada partido ecologista "Os Verdes", a quem os comunistas cediam um ou dois assentos parlamentares, fingindo-se passar por uma coligação. Claro que "os (ditos) Verdes" tinham uma história de completa ausência de autonomia: contavam-se pelos dedos das mãos o número de vezes em que, durante toda uma legislatura de quatro anos, os seus dois deputados haviam votado de forma diferente dos seus patrocinadores comunistas. E as divergências nunca eram frontais: se uns haviam votado contra, os outros haviam-se abstido... A paródia de autonomia era tal que "os Verdes" eram designados em surdina e para paródia como "as melancias": eram verdes no nome e na denominação, mas vermelhos por dentro e substantivamente. As melancias eram encabeçadas - creio que ainda o são - por uma senhora simpática - e boa parlamentar - chamada Heloísa Apolónia. E foram uma organização que nunca existiu para além da coreografia parlamentar.
O que nos trás de volta à fotografia inicial, ao CDS, a Nuno Melo que o dirige (embora seja bem menos simpático do que Heloísa Apolónia), à fotografia que o exibe orgulhoso a mostrar a placa do gabinete atribuído à parelha de deputados que elegeu nas listas do PSD e ao facto de estarem condenados os dois - líder e partido - a tornarem-se também em coisas que não têm qualquer existência autónoma para além da coreografia parlamentar. Neste caso não haverá frutas correspondentes para as identificar, mas uma caneca azul forrada a cor-de-laranja transmite a ideia daquilo a que estou convencido a que o CDS está reduzido...
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