(Republicação)
A história passou praticamente desapercebida em Portugal, porque ocorreu quase toda durante a fase eufórica que vai do 25 de Abril de 1974 até ao 1º de Maio, mas um dos maiores, senão mesmo o maior escândalo de espionagem ocorreu na Alemanha Federal durante esse período. Depois de uma investigação metódica dos seus serviços de contra-espionagem, o governo alemão descobriu que um dos homens de maior confiança do chefe do governo, o Chanceler Willy Brandt, havia sido, desde sempre, um espião plantado pelos serviços de informações da vizinha e rival Alemanha Democrática (abaixo).
De seu nome Günter Guillaume, o homem que conquistara a confiança de Brandt viera do Leste em 1956 no meio dos quase 2.750.000 alemães que atravessaram a fronteira no mesmo sentido entre 1949 (data da fundação das duas Repúblicas alemãs rivais) e 1961 (data da construção do Muro de Berlim). Só que Guillaume vinha com instruções específicas de Markus Wolf (abaixo) – hoje considerado uma referência entre os profissionais da espionagem – para se infiltrar no aparelho político do SPD (o Partido Social Democrata da Alemanha Federal), o que ele fez com o sucesso que agora se conhecia…
A prisão de Guillaume, quando as provas angariadas contra si já eram indesmentíveis, ocorreu precisamente a 24 de Abril de 1974 e foram, e aqui o termo pode empregar-se com propriedade, um verdadeiro terramoto político. Tanto mais que o próprio visado assumiu imediatamente a verdade, mal foi preso. Embora tenha vindo a compor o seu comportamento nas suas memórias (*), a verdade é que Willy Brandt ainda tentou minorar os estragos e verificar as suas possibilidades de sobrevivência política. Só dali a duas semanas (6 de Maio) é que se demitiu e, mesmo assim, só do cargo governamental de Chanceler.
Willy Brandt foi substituído no cargo de Chanceler por Helmut Schmidt (acima). Interditado a partir dali de ocupar quaisquer lugares de relevo, Brandt passou os anos que se seguiram a mexer os cordelinhos nos bastidores, quer com o cargo (que reteve até 1987) de presidente do SPD, quer com o de presidente da Internacional Socialista até 1992, que foi também o ano da sua morte. Quanto a Günter Guillaume, ele foi julgado e condenado a uma pena de 13 anos de prisão. Acabou por cumprir apenas metade da pena, porque em 1981 veio a ser libertado numa troca de espiões entre Leste e Oeste.
A prisão de Guillaume, quando as provas angariadas contra si já eram indesmentíveis, ocorreu precisamente a 24 de Abril de 1974 e foram, e aqui o termo pode empregar-se com propriedade, um verdadeiro terramoto político. Tanto mais que o próprio visado assumiu imediatamente a verdade, mal foi preso. Embora tenha vindo a compor o seu comportamento nas suas memórias (*), a verdade é que Willy Brandt ainda tentou minorar os estragos e verificar as suas possibilidades de sobrevivência política. Só dali a duas semanas (6 de Maio) é que se demitiu e, mesmo assim, só do cargo governamental de Chanceler.
Willy Brandt foi substituído no cargo de Chanceler por Helmut Schmidt (acima). Interditado a partir dali de ocupar quaisquer lugares de relevo, Brandt passou os anos que se seguiram a mexer os cordelinhos nos bastidores, quer com o cargo (que reteve até 1987) de presidente do SPD, quer com o de presidente da Internacional Socialista até 1992, que foi também o ano da sua morte. Quanto a Günter Guillaume, ele foi julgado e condenado a uma pena de 13 anos de prisão. Acabou por cumprir apenas metade da pena, porque em 1981 veio a ser libertado numa troca de espiões entre Leste e Oeste.
Curiosamente, nesse mesmo ano de 1981, uma operação que teria causado na Alemanha Democrática um embaraço simétrico à do Caso Guillaume, foi evitada: um quadro dos serviços de espionagem da RDA chamado Werner Teske tinha estado a preparar-se para desertar para o Ocidente (**) levando um amplo dossier com as actividades do seu serviço quando foi descoberto, julgado, condenado e executado. Tudo isso se passou no maior silêncio informativo e só se veio a descobrir depois da queda do Muro. É por comparar casos destes que sempre achei que em vez das mais amplas liberdades democráticas foi sempre preferível usufruir das outras…
(*) – A versão que agora se tenta fazer correr é que Brandt já estava muito desgastado politicamente naquela altura e que se demitiu por outras causas que não o escândalo. É preciso frisar que Willy Brandt sempre desfrutou desde o princípio da sua carreira, como burgomestre de Berlim, de uma boa publicidade na imprensa, nomeadamente do maior grupo editorial alemão, o de Axel Springer.
(*) – A versão que agora se tenta fazer correr é que Brandt já estava muito desgastado politicamente naquela altura e que se demitiu por outras causas que não o escândalo. É preciso frisar que Willy Brandt sempre desfrutou desde o princípio da sua carreira, como burgomestre de Berlim, de uma boa publicidade na imprensa, nomeadamente do maior grupo editorial alemão, o de Axel Springer.
(**) – Houvera um outro desertor, mas de menor graduação, chamado Werner Stiller, que fora bem sucedido em Janeiro de 1979.
E o freeport aqui tão perto
ResponderEliminara exigir respeito
pela hierarquia dos condenados
até às urnas
Regressei a este poste mais de três anos depois de o ter escrito e o que mais me surpreendeu foi a capacidade do comentário anterior em preservar a sua imbecilidade intacta na sua pretensão de querer forçar um outro tema que não tem nada a ver com o que foi tratado.
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