(Republicação)
26 de Abril de 1944. O Marechal Pétain, o chefe do Estado Francês visitava Paris. E porquê é que a jornada era histórica para Paris e para a França, conforme o proclama o locutor do documentário acima? Porque, por muito que Paris permanecesse a capital de França, o chefe do Estado apresentava-se na cidade como convidado dos alemães, que a ocupavam. Era a primeira vez que estes o haviam permitido, desde que Pétain assumira funções quatro anos antes. O cerimonial das imagens acima apenas tenta disfarçar essa impositiva restrição de movimentos. «Em frente da catedral de Notre Dame, formou a guarda republicana com os seus antigos uniformes e, à porta da igreja, Pétain foi aguardado pelo cardeal Suhard, arcebispo de Paris, por (Pierre) Laval e por todo o governo francês. O embaixador do Reich estava representado pelo ministro von Bergen, na companhia do ministro plenipotenciário von Renthe-Vink, que, há alguns meses, está adido à chefia do Estado, junto do Marechal, como enviado especial do Reich. Também se fez representar o comandante da cidade de Paris, tenente-general von Boineburg(-Lengsfeld).» (Nota da DNB)
A missa, celebrada pelo cardeal Suhard, realizava-se por alma das vítimas dos bombardeamentos aliados sobre a região parisiense que haviam tido lugar na noite de 20 para 21 de Abril. Fora para engajar ainda mais o regime de Vichy na causa alemã que havia sido permitida a deslocação de Pétain a Paris. Mas o que mais interessava aos seus serviços de propaganda era o "banho de multidão" que acompanharia a deslocação do Marechal, episódio que foi, de resto, profusamente filmado (mais acima) e noticiado no dia seguinte (acima). Mas, sintoma de como a sorte e, com ela, a popularidade destes homens pode ser efémera junto das multidões, dali precisamente por um ano, a 26 de Abril de 1945, nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, estava o mesmo Marechal Pétain a render-se às novas autoridades francesas, junto à fronteira com a Suíça.
Sem comentários:
Enviar um comentário