(Republicação)
22 de Abril de 1944. Um par de notícias de conteúdo aparentemente anódino numa das páginas centrais da edição do jornal desse dia, dá conta daquilo que era uma discreta, mas violenta, ofensiva diplomática por parte dos Aliados para que alguns países neutrais cortassem o fornecimento de alguns itens considerados vitais para a indústria de armamentos do III Reich. Numa das notícias, originária de Ancara, dava-se conta da reacção da Turquia a essas pressões, suspendendo as exportações de minério de crómio para a Alemanha, invocando a sua própria condição de aliada da Inglaterra. Noutra, oriunda de Londres, era a Suécia que ainda não respondera à nota dos Aliados, em que se lhe era pedido que suspendesse as exportações de esferas de rolamentos para a Alemanha. Havia uma campanha de bombardeamento em curso para destruir a capacidade de as produzir no próprio território alemão, e a indústria de armamentos alemã havia recorrido ao reforço das importações da Suécia para suprir as carências. A resposta sueca irá ser tão evasiva que a importância e as consequências dessa decisão ainda hoje são objecto de discussão académica: a Suécia colaborou ou não com a Alemanha? Contudo, a Turquia e a Suécia não eram os únicos países neutrais a serem pressionados naquela altura pelos Aliados: dali por mês e meio, na edição de 7 de Junho, era ocasião para ser notícia o anúncio pelo governo português da suspensão das exportações de volfrâmio para os países beligerantes. Fazia-o a pedido da Grã-Bretanha. Repare-se como os Estados Unidos pareciam nunca aparecer nestas iniciativas...
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