18 de Novembro de 1963. A primeira página do Diário de Lisboa publica uma fotografia de família do novo primeiro-ministro britânico, «sir» Alec Douglas-Home, tirada na famosa residência oficial, o nº 10 de Downing Street. (Ao lado da original do jornal inseri uma outra versão maior, mais nítida e mais ampliada da foto) Na legenda pode ler-se:
"O primeiro-ministro britânico na intimidade do lar: Uma das primeiras fotografias autorizadas na histórica residência de Downing Street, 10, desde que «sir» Alex (sic) Douglas-Home (ex-Lord Home) se tornou seu habitante oficial, mostra o novo chefe do Governo inglês com sua esposa e seu filho David, em conversa amena, na sala de fumo."
Alec Douglas-Home tomara posse do cargo precisamente um mês antes. Fora um sucessor surpresa de Harold Macmillan e, porque de origem aristocrática e com assento na Câmara dos Lordes, tivera que renunciar ao título para se poder sentar na dos Comuns, onde decorriam, de facto, as sessões legislativas fundamentais para a governação do Reino Unido. Mas, como se percebe pela legenda, não havia qualquer justificação para a notícia. Tratava-se de uma apresentação... A comunicação social actual continua a fazer fretes, só que já não os faz tão óbvios quanto estes.
Em jeito de remate, acrescente-se que «sir» Alec Douglas-Home esteve apenas cerca de um ano em funções como primeiro-ministro (Outubro de 1963 - Outubro de 1964). Num gesto muito raro na política inglesa, depois daquelas funções e depois de abandonar a liderança dos conservadores (1965), o antigo primeiro-ministro voltou a ocupar um posto ministerial seis anos depois, o de ministros dos Negócios Estrangeiros entre Junho de 1970 e Março de 1974. Episódio tanto mais raro que só se voltou a repetir 53 anos depois e ainda há dias, quando David Cameron ocupou aquela mesma pasta, depois de ter deixado de ser primeiro-ministro há sete anos.
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