Esta recente entrevista do jornalista britânico Piers Morgan à congressista americana (pela Geórgia) Marjorie Taylor-Greene é uma verdadeira reencenação de um famoso sketch dos Monty Python, o do papagaio morto (Dead Parrot sketch). Esse sketch representa um auge da escola de comédia surreal, um diálogo entre um cliente insatisfeito que vem reclamar porque lhe venderam um papagaio morto, pregado ao poleiro, e um vendedor que se recusa a aceitar conversar com o cliente, pelo menos baseado nos factos óbvios que o primeiro lhe vai mostrando. O diálogo a que assistimos acima entre o jornalista inglês e a congressista americana assenta nesse mesmo caos de que um dos intervenientes se evade a aceitar a realidade com que o outro a confronta. A congressista foi ao programa com a intenção confessa de promover o seu ultimo livro(! - uma verdadeira surpresa para quem conhece a densidade intelectual da pessoa em causa). O jornalista quere-a lá para a confrontar com um rasto de disparates que a congressista, uma das mais entusiasmadas apoiantes de Donald Trump, foi largando ao longo da sua breve, mas efusiva, carreira política. Nomeada e anteriormente, e para além de incitamentos directos à invasão do Capitólio a 6 de Janeiro de 2021, uma abstrusa alusão a uns lasers espaciais judaicos que em 2018 provocavam incêndios na Califórnia... É um daqueles disparates que agora não vem nada a jeito recordar, já que os tempos vão todos a favor de uma atitude o mais pró-israelita possível por parte da ala trumpista dos republicanos... Mas provavelmente o mais confrangedor será mesmo o primarismo como a entrevistada tenta deflectir e evadir-se a responder ao que lhe é perguntado. A senhora é mesmo muito estúpida. São doze minutos de espontaneidade que suponho que, daqui por uns 50 anos, esta entrevista poderá estar arquivada tantos outros sketches de comédia surreal, com outros dos Monty Python... e com outros de Donald Trump.
Sem comentários:
Enviar um comentário