Sábado, 5 de Novembro de 1983. O artigo acima dá ao leitor uma antevisão daquilo que poderão ser as capacidades da televisão se as transmissões começarem a ser distribuídas por cabo. De uma escolha entre dois (Portugal e Espanha), três (França) ou quatro canais (Reino Unido), as opções do espectador poder-se-ão vir a multiplicar no futuro - embora, para isso, fosse preciso dominar outros idiomas que não o seu. Esses problemas diluíam-se em países que compartilhavam os seus idiomas nacionais com os países da vizinhança, caso da Bélgica, que seria, não por acaso, o país europeu onde a televisão por cabo estaria mais avançada. Um espectador belga teria acesso a uns impressionantes - para a época - 16 canais de televisão (belgas, holandeses, franceses, britânicos e alemães). O que a notícia não explorava era uma das consequências dessa maior liberdade do espectador: até aí, na Europa, a televisão estivera sempre sobre controle estatal, os governos nacionais possuíam o (quase) monopólio daquilo que era transmitido aos seus cidadãos (a excepção eram as zonas fronteiriças). Com a adopção da TV por cabo, tornava-se óbvio que esse (quase) monopólio se perderia. Nem de propósito e para além do caso belga e também do da Alemanha Ocidental, os outros dois exemplos referidos - a Finlândia e a Áustria - eram países que, embora Democracias a sério, se situavam a cavalo da Cortina de Ferro que então dividia a Europa. Mas, sobre o futuro da TV por cabo em países que se situavam para lá dessa Cortina, por muito que as simpatias do Diário de Lisboa pendessem para aquele outro lado, nem uma palavra...
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