06 novembro 2023

A GRANDE CONFERÊNCIA DA ÁSIA ORIENTAL

(Republicação)
6 de Novembro de 1943. Conclusão em Tóquio da Grande Conferência da Ásia Oriental, reunindo o primeiro-ministro japonês Hideki Tōjō (ao centro, na fotografia) com os países satélites, pretensamente independentes, ocupados pelas armas japonesas. Esta Cimeira, a que os livros sobre a Segunda Guerra Mundial não costumam dedicar grande atenção, representou um importante esforço diplomático dos japoneses para congregar os apoios dos nacionalismos asiáticos quando a situação militar evoluía nitidamente em seu prejuízo. Entre os presentes contaram-se (da esquerda para a direita): Ba Maw (Birmânia), Zhang Jinghui (Manchúria), Wang Jingwei (China colaboracionista), o anfitrião Tōjō (naturalmente ao centro...), Wan Waithayakon (Tailândia, provavelmente o país mais autónomo entre os convidados), José P. Laurel (Filipinas) e Subhas Chandra Bose (Índia livre, de que aqui se falou neste blogue anteriormente). Tão interessantes quanto as presenças, são as ausências: as dos coreanos, que o Japão considerava uma colónia sua, sem qualquer direito a exprimir-se; as dos vietnamitas e cambojanos, que o governo japonês não quisera convidar para não afrontar a França de Vichy (que era um seu aliado nominal); e as dos malaios e indonésios, já que os japoneses ainda não se haviam decidido em que sentido haviam de conduzir a sua política colonial e a defesa dos seus interesses, no meio do emaranhado étnico que constituía a região. Mas não seria por estas últimas inconsistências que a Grande Conferência foi um evento noticioso fátuo, perdido no meio de tantos outros acontecimentos daquele dia (o Exército Vermelho reconquistara Kiev). As pretensões japonesas eram uma farsa.

8 comentários:

  1. Interessante e sem duvida ofuscado nao só pelos eventos ocorridos no mesmo período, mas também por refletir uma lógica imperial Japonesa, que viria a desaparecer meros meses depois...

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  2. Já agora, seria interessante um post sobre Khalkhin Gol, a batalha que decidiu o conflito entre o Japão e a União Soviética na fronteira Mongol, no final dos anos 30. Evento este esquecidissimo pelos muito mais importantes eventos da Europa Ocidental.

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  3. Há alguns anos já publiquei neste blogue um poste sobre esse assunto: https://herdeirodeaecio.blogspot.com/2007/01/khalkhin-gol-os-dias-de-agosto-de-1939.html

    Também o fiz aqui - https://herdeirodeaecio.blogspot.com/2013/08/esticar-um-assunto-ate-o-tornar-chato.html - embora aí o objectivo fosse outro: o de defender que os livros devem ter uma dimensão adequada à importância do acontecimento que se propõem cobrir. Não há muito mais que se possa escrever sobre Khalkhin-Gol que valha mais que 200 páginas.

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  4. Já agora, deixe-me esclarecê-lo que este blogue dispõe de um motor de busca por temas. Aparece no campo superior esquerdo do cabeçalho uma caixa onde pode inserir o tema que lhe interessa. Fica a saber se já o tratei aqui ou não.

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    1. Obrigado pela referência ao post sobre a batalha.
      Como costumo ler o blogue no telemóvel raramente uso o motor de busca.

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  5. Caro A. Teixeira,
    Nao o conheco para alem deste blog e caixas de comentarios. Nem sei a sua profissao, nao sei se tera ja obra publicada. Se tem o proximo paragrafo e invalido a partida.
    Mas ja considerou pegar nos inumeros textos que tem arquivados por este blog ja por temas, recolhe-los e coordena-los na forma de livro(s) sobre historia militar do sec XX ou relacoes internacionais do sec XX (ou o que quer que seja que lhe chamem hoje em dia a realpolitik internacional)?

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  6. A sua sugestão é deveras simpática, mesmo lisonjeira. Agradeço-lha. O problema que antevejo na transposição de uma parte destes textos - sobretudo os mais recentes - para um suporte mais convencional como um livro prende-se com o trabalho de conversão que lhes irão fazer perder as potencialidades como agora podem ser lidos.

    Eu explico-me: à medida que me fui habituando a este meio do blogue, melhor me fui socorrendo dos meios complementares de informação que ele possibilita, sejam os vídeos, sejam as ligações em hipertexto. Tome-se o exemplo do poste acima: está lá explicado (para quem quiser saber...) quem foi Hideki Tōjō, está lá disponível em opção quem quiser saber em que consistiu a guerra franco-tailandesa.

    Ora, eu não vejo maneira de preservar essa riqueza informativa num livro convencional sem tornar o texto muito mais pesado.

    Quanto à obra publicada... Até ver.

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