12 novembro 2023

A GOLPADA COLONIAL DISCRETA (DOS FRANCESES), QUE OS BRITÂNICOS NÃO DEIXARAM PASSAR

12 de Novembro de 1943. Apostando em que as atenções do resto do mundo estivessem concentradas em outros acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, as autoridades coloniais francesas no Líbano, dirigidas pelo Delegado-Geral da França Livre no Levante, Jean Helleu, prenderam o presidente Béchara el-Khury, assim como o chefe do governo Riad al-Sulh e substituiram o primeiro pelo mais complacente Émile Eddé. Protestos violentos eclodem em todo o país (acima, à esquerda). Um governo “nacional” libanês de resistência foi formado nas montanhas, fora do alcance dos franceses, apoiado pelo presidente da Síria, Shukri al-Quatli, e foi feito um apelo aos britânicos para que interviessem (acima, à direita). Estes eram, de facto, a única potência com capacidade de intervenção naquela região. E, como era impossível a de Gaulle e ao Comité Francês de Libertação Nacional (CFLN - então sediado em Argel) que ele dirigia resistirem à coacção dos britânicos, foram obrigados a contemporizar e a enviar apressadamente para Beirute o anterior Delegado-Geral, o general George Catroux, para desautorizar Helleu e restaurar o status quo, pretendendo que aquela golpada não fora intencional. O CFLN reconheceu a independência libanesa mas a diplomacia francesa arranjou uma fórmula diplomática contorcida (uma habilidade universalmente reconhecida ao Quai d'Orsay...) para que a França mantivesse o controlo militar no Levante pelo menos até ao fim da guerra, condicionando o reconhecimento da independência plena dos dois países (Líbano e Síria) à assinatura de um tratado. Mas o dia 22 de Novembro de 1943 - a data em que Catroux assinou o acordo com el-Khury e al-Sulh - é o dia assinalado pelos libaneses para a sua independência.

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