25 de Setembro de 1962. Em Sanaa, capital do Iémen (país cuja localização escaparia à grande maioria dos leitores do Diário de Lisboa acima), deu-se um golpe de Estado, que terminara com a morte do recém entronizado monarca Muhammad al-Badr e a proclamação da república. Veio-se depois a saber - acima a edição do jornal dois depois - que o golpe se revestira de alguns daqueles aspectos de malandrice traidora que estes episódios costumam conter: quem encabeçara o golpe fora o comandante da própria guarda real e o processo de tomada do poder culminara num bombardeamento de artilharia do palácio real, palácio que ficara em tal estado que os revoltosos presumiam que o rei morrera, soterrado no entulho... Contudo, como se viria depois a descobrir e citando Mark Twain, «a notícia da morte do rei fora manifestamente exagerada»... O monarca escapara, o anúncio da sua morte terá sido um expediente dos revoltosos para atenuar a resistência que enfrentavam, só que a difusão da notícia lhes escapara ao controlo. Essa notícia da pretensa morte do rei resultara no imediato, mas a história está muito longe do fim: seguir-se-á uma guerra civil que perdurará por oito anos (1962-70). Quanto à precocidade do anúncio da morte do rei, ele juntar-se-ia a uma enorme colecção de asneiras idênticas, asneiras factuais de um género que só pessoas com o perfil do actual provedor do Público têm o descaramento de tentar justificar.
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