20 setembro 2022

...QUEM PÔS LISBOA A ARDER

Esta súbita pulsão do novo ministro da Saúde para mostrar um «esforço de descentralização do governo» é uma daquelas notícias que se torna cómica, tal o desplante em evitar falar do elefante do meio da sala. Até apetece tomar o assunto pelo seu valor facial e perguntar ao ministro que locais estaria ele a considerar nesse «esforço de descentralização»? Coimbra? Faro? Funchal? Mas isso - confrontar os ministros com as consequências das suas declaração infelizes - não é para jornalistas, ficará guardado para o programa do Ricardo Araújo Pereira. O elefante de que o ministro Pizarro não quer falar, daí esta evolução descentralizadora súbita, num governo que já tomou posse vai para seis meses, sem que o assunto tivesse sido abordado previamente, terá sido a consequência de uma das condições colocadas pelo mister que vem revolucionar o SNS a partir do exemplo do Norte, Fernando Araújo. Fernando Araújo não é somente um nome que se fala para ocupar o cargo mítico de CEO-que-vai-salvar-o-SNS. É o nome da salvação, já que não se ouve mais nenhum. Sendo um homem do Norte, o seu nome é como aquele clássico slogan da pasta medicinal Couto (que também é do Norte): anda na boca de toda a gente. E, provavelmente por andar na boca de toda a gente, é que Fernando Araújo se sente com a capacidade negocial de não se dispor a vir para Lisboa se aceitar o cargo. Aquela minha metáfora do mister tripeiro cada vez se consolida mais.

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