29 setembro 2022

A INDIFERENÇA MEDIÁTICA À DESCREDIBILIZAÇÃO TOTAL DOS GRANDES PROGRAMAS DE INVESTIMENTO

Entre várias outras coisas que caíram em completo descrédito na actividade política portuguesa contam-se estes anúncios pomposos (acima) de grandiosos investimentos em obras públicas que depois nunca se vêm a cumprir. Neste anúncio do comboio de alta velocidade que está (agora) prometido para 2028, a aposta será para que nessa altura ninguém se lembre do que se prometeu em 2022, mas, para exemplo passado daquilo que foi prometido e nunca concretizado, abaixo podemos apreciar um outro desses pomposos anúncios, já com treze anos (2008!), a respeito do novo aeroporto de Alcochete!...
Precisamente! Aquele outro grande investimento - o aeroporto - a respeito do qual o primeiro-ministro e o líder da oposição se reuniram na passada Sexta-Feira onde decidiram... que não se ia decidir nada e que se ia empurrar o assunto mais uma vez! Mas, se a culpa dos protagonistas - Costa e Montenegro - é por demais evidente, a minha crítica neste caso não é para eles, mas para a comunicação social que, em vez de se colocar na posição do observador comum que assiste irritado a todas estas mentiras e que já não acredita nestes anúncios solenes, trata-os sem reservas, como se fosse para os levar a sério!
«Nove novidades»... E depois queixem-se - jornalistas e quem vive de produzir opinião - que há uma grande discrepância entre o que se escreve nas redes sociais e o que se publica na comunicação social tradicional, que há cada vez menos pessoas que votam, e que, entre as que votam, há cada vez mais que votam em organizações populistas de extrema direita... Se os órgãos de informação tradicional parecem conluiados com quem continua a mentir naqueles mesmos formatos da política tradicional de outrora, que é que estão à espera que aconteça?... É que a extrema direita não tem este lastro.

Adenda do dia seguinte:
Isto que acima vemos é a maneira como os jornalistas, fingindo, evitam fazer aquilo que lhes competia. É que, para fazer «comentários à ultima apresentação da alta velocidade», todos não seremos demais a ironizar com «as dezenas que já foram feitas». Contudo, onde os profissionais se diferenciam dos leitores é que eles é que são convidados e estão presentes nas conferências de imprensa, às «dezenas», onde estes calendários nunca cumpridos são impingidos. Se, nas devidas ocasiões, os profissionais confrontassem os apresentadores - o ministro Pedro Nuno Santos, por exemplo - com a falta de credibilidade daquilo que eles estão para ali a dizer, muito provavelmente o descaramento de apresentar tanta aldrabice minoraria.   

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