13 setembro 2022

ATÉ OS COMEMOS, CARAGO! - O MISTER TRIPEIRO

Depois de uma campanha descarada para que ocupasse a pasta da Saúde que não terá convencido António Costa, o mais apropriado que se pode dizer é que a Fernando Araújo, ao não lhe ter saído a taluda, saiu-lhe ao menos a aproximação, com esta sua nomeação para o novo cargo de CEO do SNS (Expresso). Mas tenho a impressão que Fernando Araújo anda com azar com o modo como anda a ser promovido. Se a campanha para ministro foi o descaramento que o encadeado de títulos da esquerda demonstra, António Costa ontem fez-lhe a descortesia de o apresentar com o primarismo de presidente de clube de futebol, com Fernando Araújo a ser uma espécie de novo mister em quem o clube deposita as suas esperanças para esta época 2022/23 que agora arrancou. «Não tenho dúvidas nenhumas que Lisboa tem muito a aprender com o Porto, nomeadamente em relação ao funcionamento das urgências, tem muito a aprender com o Porto». Só que neste caso, em vez do mister ser estrangeiro, o mister é tripeiro, tal como tripeiro é também o novo director do departamento de futebol, o ministro Manuel Pizarro. Mas a simplicidade primária do discurso de António Costa visa mais fundo do que concorrer com qualquer programa de paineleiros da CMTV. Ao simplificar os problemas das urgências a questões que se resolvem no Porto mas não em Lisboa, o que o primeiro-ministro fez foi considerar implicitamente que as causas dos problemas nada terão de estrutural e da competência do governo, trata-se de problemas de gestão. Seria como se fossem novos métodos de treino e novas tácticas de jogo que os do Porto dominam e que os de Lisboa «têm muito que aprender». Não há nada a criticar nas políticas governamentais e nos pedidos para reforçar o plantel, como também não há nada a comentar sobre a formação de jogadores das camadas jovens. Segundo se depreende do diagnóstico de António Costa, grassa a incompetência em Lisboa, os jogadores têm que se aplicar mais. Honestamente, parece-me uma explicação inverosímil, mas também há que dar oportunidade a Fernando Araújo. Afinal, ele há sempre o exemplo recente de Jorge Jesus que chegou ao Brasil e demonstrou aos brasileiros arrogantes, com resultados, que eles não percebiam nada de futebol.

PS - A rematar isto tudo, e brilhando o tópico pela ausência, que é que é feito da nomeação dos secretários de Estado da Saúde que deveriam acompanhar Manuel Pizarro? (Enquanto terminava este texto fiquei de sobreaviso com a advertência noticiada por outros jornais que não o Expresso acima, que, afinal, «Fernando Araújo ainda não aceitou qualquer cargo».)

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