04 setembro 2022

O DUELO

Por esta vez encaminho o leitor para a notícia original de 4 de Setembro de 1922 que dá conta de um duelo, travado «á espada», disputado entre duas pessoas que não nos dizem nada. As «testemunhas» do acontecimento tão pouco. A pendência tivera origem numa frase da crónica financeira publicada neste mesmo Diário de Lisboa que dá a notícia, crónica essa que fora assinada pelo jornalista Joaquim Leitão e que desagradara sobremaneira ao empresário Rui Ulrich, a ponto do diferendo ter tido aquele desfecho. Felizmente, como se pode constatar no fim, «o sr. dr. João (Rui) Ulrich ficou ferido num dos braços sem gravidade». Que tudo isto parece-nos hoje uma piada, mas que na época era para ser levado muito a sério, percebe-se pelo espaço que a edição do jornal do dia seguinte concede às actas e às cartas associadas ao acontecimento, um documento fastidioso que, a esta distância, não se percebe a quem pudesse interessar. Um duelo como este que se disputou há precisamente cem anos estará ultrapassado nos rituais, mas ao mesmo tempo fica-nos a sensação que não o estará nos propósitos, porque não nos é difícil imaginar uma hipotética competição acérrima entre as televisões de informação de 2022 (SIC Notícias, CNN Portugal, RTP3) para cobrir um eventual duelo «á espada» (ou com qualquer outro instrumento contundente...) entre grandes figuras do nosso firmamento noticioso, como Miguel Sousa Tavares e André Ventura. Ou Pedro Santana Lopes e Fernando Rosas. E os esquecidos, que se bateriam em duelo só para se fazerem recordados. José Sócrates. Paulo Portas. Francisco Louçã, embora este último tenha um ar tão atado de intelectual que só o imagino a disputar um duelo... de xadrez.

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