18 setembro 2022

COMO SE PASSA RAPIDAMENTE DE «UMA CRISE NAS URGÊNCIAS» PARA «UM DOS MELHORES MOMENTOS DA SAÚDE EM PORTUGAL»

Bastou a anterior titular da pasta, Marta Temido, apresentar a demissão para que, nestes últimos três fins-de-semana, as notícias enumerando os encerramentos das urgências de obstetrícia pelos diversos hospitais de todo o país, tenham perdido a proeminência noticiosa de que haviam beneficiado «nos últimos meses», para não dizer mesmo que aquele género de notícias - os hospitais X, Y e Z têm as urgências de ginecologia encerradas - essas notícias desapareceram abruptamente de todo. Contudo, os operadores do SNS e os utentes que têm de recorrer àqueles serviços sabem que aquelas situações se continuam a verificar. Apenas deixaram de ser noticiadas. Mas a hora noticiosa é agora de mostrar satisfação. Como se lia num patético artigo plantado no Expresso de ontem, em substituição do elenco de serviços de obstetrícia que estariam fechados durante o fim de semana, «Marcelo (está) satisfeito com mudanças na Saúde» e o antecessor de Marta Temido (Adalberto Campos Fernandes) é citado dizendo que «Estamos a viver um dos melhores momentos da saúde em Portugal». Pelos vistos, o antigo ministro não saberá consultar o site informativo posto à disposição dos utentes pela DGS, site informativo esse que nos dá conta que, por exemplo, o bloco de partos do hospital do Barreiro/Montijo está encerrado hoje entre as 09H00 e as 21H00. Se o assunto fosse para ser tratado de boa fé, seria um pormenor. Mas, como já se percebeu que não é, para mim este encerramento daria para mais um cabeçalho a matraquear a opinião pública com «as falhas e fragilidades do Serviço Nacional de Saúde» (sic)... Não me digam que elas se resolveram em menos de três semanas!?

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