02 setembro 2022

«A PRESUNÇÃO MEDINA»: O ESCLARECIMENTO

Há menos de duas semanas deixei aqui expresso o pedido de que me avisassem quando Fernando Medina nomeasse o substituto de Sérgio Figueiredo. Recorde-se que este último se demitira sem aquecer o lugar, quando confrontado com as acusações de reciprocidade de favores entre ele e Medina e com a polémica consequente que a sua nomeação gerara. O cargo não se conseguia explicar muito bem o que representava, para mais quando em sobreposição a outros cargos já existentes na administração a fazer o mesmo: a avaliação das políticas públicas. Mas, para rematar uma história que parecia muito mal contada, a nomeação de um substituto de Figueiredo mostraria, ao menos, que Fernando Medina era um cepo, mas que estaria a agir de boa fé. Este desfecho acima, que tomo por bom considerado o tempo entretanto decorrido, comprova-me que não. Medina é um cepo e ainda por cima é um cepo rasca. Ao descartar a narrativa que evocou no princípio do mês, Medina confessa-se culpado daquilo de que o acusaram então - de estar a fazer um favor ao outro, de que o lugar não representara uma necessidade. E deixa as portas abertas a que, numa próxima vez, se arreie porrada em cima do governante que for suspeito da mesma prática - se não soubermos porque é que arriamos, seguindo a presunção Medina, o governante saberá porque é que apanha. Assim se constroem reputações; as redes sociais limitam-se a interpretar os gestos.

Adenda de 7 de Setembro: Afinal esta notícia fora precipitada. O esclarecimento do ministro é que não o foi - precipitado. Cinco dias depois, uma notícia, vinda da Lusa, cita o ministro Medina numa entrevista dada entretanto à RTP1: «Quando se encontrar a pessoa com o currículo adequado para cumprir as funções que considero importantes, de abertura do ministério e do diálogo (...) com a sociedade civil, (...) irá poder trabalhar com o Ministério das Finanças.» Primeira Forma! - como se diria na tropa. Aguardemos. Sentados.

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