3 de Setembro de 1942. Os primeiros três anos da Espanha franquista depois da vitória na Guerra Civil (1936-39), caracterizaram-se pelo destaque assumido por uma figura civil ao lado do generalíssimo Francisco Franco - embora apareça contraditoriamente fardada na fotografia acima... Ramón Serrano Suñer era um ambicioso jurista de formação e advogado de profissão que, por coincidência, casara com uma irmã da esposa de Franco. Veio a sobraçar primeiro a pasta da Governación (1938-40) e depois a dos Assuntos Exteriores (1940-42) e a influência política que lhe era reconhecida levou a que recebesse nesses primeiros anos de franquismo a alcunha irónica de cunhadíssimo. Franco apercebeu-se da ameaça e, invocando um pretexto, há precisamente oitenta anos, o generalíssimo desembaraçou-se do cunhadíssimo. Serrano Suñer estava a dias de completar 41 anos e, abandonando a política para não irritar o cunhado, tratou de enriquecer. Morreu centenário, mais de 60 anos depois de afastado, em 2003. Tão interessante quanto o que acontecera, era como o que acontecera não era noticiado nos jornais portugueses (abaixo). Passando (como tantas outras vezes) ao lado do que era importante, a notícia transcreve acriticamente a nota oficiosa espanhola que dá conta da «recomposição ministerial», sem comentários e sem menção de quem fora afastado e porquê.
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