1 de Agosto de 1960. Uma notícia introdutória sobre quem seria o candidato democrático à presidência dos Estados Unidos, o então mais ou menos desconhecido senador John Kennedy do Massachussetts, termina de uma forma particularmente profética, sob a antevisão que «a televisão dominará as eleições». Dominará esta e dominará todas as outras que se lhe seguirão. O primeiro dos debates, então denominados por «discussões televisionadas» virá a ter lugar em 26 de Setembro e ficará histórico por se tratar de uma nova forma de comunicar com o eleitorado. Abaixo, pode ver-se que os dois candidatos acordaram em fazer declarações prévias com uma duração de oito minutos(...). O aperfeiçoamento da comunicação televisiva fez descobrir que oito minutos afinal representam uma eternidade em televisão: o telespectador médio não retém quase nada do que foi dito para trás, em contrapartida retém muito melhor o que vê, e a imagem abaixo de John Kennedy, a começar pelo fato que envergava, que tirava muito mais partido da paleta de cinzentos da imagem de uma televisão a preto e branco, essa imagem de Kennedy, escrevia, é muito mais pensada e cativante do que a de Richard Nixon. Depois há a linguagem corporal, o modo como se sentam, as pernas assimétricas de Nixon versus as cruzadas de Kennedy. Este começava com vantagem e ainda nada fora dito. E depois ainda há a questão de os intervenientes se dirigirem primariamente às câmaras, numa conversa triangular com ausentes, não para falarem uns com os outros, contestando-se, contradizendo-se, desmentindo-se, o que permite que, em ambientes aconchegados, haja quem diga as maiores patranhas sem medo de serem contraditados. A propósito precisamente de patranhas desavergonhadas e deste debate Kennedy-Nixon, José Sócrates conseguiu inventar que o tinha acompanhado... quando na época Sócrates tinha apenas três anos de idade.
Sem comentários:
Enviar um comentário