Há coisa de uns anos, já não posso precisar quantos (depois certamente de Março de 2010), comprei este livro. O que me levou a fazê-lo foi a curiosidade a respeito de um nome de que ouvira falar - Alfredo Pimenta - mas, a respeito do qual, quase nada sabia. Uma daquelas figuras da extrema-direita durante o Estado Novo que, mais pelo verbo do que pela acção (Francisco Rolão Preto é outra delas, entre várias mas poucas), conseguem conferir a Salazar, por comparação de discursos, um cunho de razoabilidade pragmática. Diga-se ainda que, ainda a respeito de Alfredo Pimenta, a sua figura não será propriamente daquelas cuidadosamente acarinhadas: a página da wikipedia a seu respeito conta logo com dois erros grosseiros, ao torná-lo director da Torre do Tombo e sócio fundador do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia depois de ter morrido*. Reconheça-se que Riccardo Marchi, o autor do livro acima, trata-o muito melhor do que isso. Mas a narrativa não cativa e os radicais de extrema direita de meados do século passado é assunto do interesse de muito poucos. Mas o pior é mesmo o estilo, embora, sobre isso, acredito facilmente que não me sairia melhor se me propusesse escrever um livro em italiano. Mas a realidade pragmática, salazarista, é que não recomendo o livro (e não o recomendei) a ninguém. Não fiquei com o autor por referência. Reparei depois que os temas da sua predilecção são sempre a extrema direita política (há quem coleccione borboletas...), mas não fiquei seu leitor pelas duas razões supra citadas. E o episódio estaria agora perfeitamente esquecido não fosse a ressurgência - mediática - recente do autor, ao publicar um livro sobre André Ventura e o Chega, que suscitou uma «polémica com 67 intelectuais». Sobre André Ventura, ao contrário de Alfredo Pimenta, tenho umas ideias sobre a pessoa, tenho até uma opinião, acrescentaria mesmo. Qual é, não interessa para o caso. Só interessa que dispenso os contributos de Riccardo Marchi. E mantenho a opinião que formara de não valer a pena comprar mais livros seus, mesmo que, ou sobretudo por, se mostrar agora oportuno, mesmo chique, escrever recensões críticas sobre aquilo que ele escreve.
*«A partir deste ano exerceu funções no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, do qual seria o 2.° director de 1949 a 1951. (...) Foi sócio fundador do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia, em 1953 e da Academia Portuguesa da História, em 1937.» Alfredo Pimenta faleceu em 1950.
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