20 agosto 2020

O SENEGAL PROCLAMA A SECESSÃO DA FEDERAÇÃO DO MALI

20 de Agosto de 1960. Colapsava o projecto de constituição na África Ocidental de uma Federação de duas antigas colónias francesas, o Senegal e o Sudão (francês). A página da wikipedia que explica o processo político que levou à constituição da federação e as fracturas, também políticas (e pessoais), que levaram a este seu posterior colapso, menciona apenas as duas partes directamente intervenientes, mas esquece-se de se referir ao patrocínio francês, sem o qual o projecto, evidentemente, nunca teria sido sequer tentado. Na realidade, o fracasso tem de ser atribuído à responsabilidade das três capitais: Bamako, Dakar e Paris. Durara dois meses precisos, desde 20 de Junho a 20 de Agosto de 1960. Com a secessão, o antigo Sudão ficou com a propriedade do nome histórico de Mali, pelo qual o país ainda hoje é conhecido. Uma das consequências do episódio foi a de servir de lição para que se refreassem os entusiasmos pan-africanistas de muitos dirigentes africanos da época, quanto à viabilidade da fundação de estruturas políticas mais alargadas, resultantes da junção de antigas colónias recém independentes: tanto quanto as enormes fragilidades das instituições que existiam, os egos dos políticos acabados de chegar ao poder podiam revelar-se obstáculos ainda mais difíceis de superar. Mas, quem à época se apercebesse disto, também se aperceberia o quanto Salazar, e Portugal com ele, estavam completamente fora do seu tempo.

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