18 agosto 2020

OS DA GERAÇÃO QUE NÃO SE ENXERGA: ONDE É QUE ELES ESTAVAM NO 25 DE NOVEMBRO?

Comecemos pelo óbvio: constatar que a opinião acima expressa é defensável. É discutível, mas não se trata de nenhum absurdo. Se, por exemplo, tivesse lido a afirmação acima escrita por Catarina Martins, não teria havido razão para este poste. O que me incomoda na afirmação é a identidade de quem a profere, não apenas o autor, mas também a geração a que pertence, a classe social onde se insere, o percurso político que tomou, que são semelhantes aos de vários outros comentadores que aparecem depois a endossar a opinião. Quase todos os que posso identificar com passados como simpatizantes, senão mesmo militantes, de organizações de extrema-esquerda. O que, parece-me elementar, lhes retirará objectividade na comparação entre os dois extremos políticos, na crítica a um e absolvição ao outro. Além disso, como acontece geralmente quando as coisas são assim apresentadas por «simples», consegue-se simplificar as coisas de outra maneira: onde é que o autor da simplificação acima estava no 25 de Novembro? Ou será que o que aconteceu em 25 de Novembro simplesmente não conta, só porque naquela altura ainda não se concluíra a Constituição?... Valia tudo nessa altura? É que vale a pena relembrar o que é que a organização das simpatias de Francisco Seixas da Costa - o MES - defendia a respeito do respeito dos princípios depois consagrados na Constituição (abaixo). E, já que se colocam estas coisas simples em bases geracionais, criticando a «insuportável arrogância» da geração presente: essa geração que esteve do outro lado (da Democracia) no 25 de Novembro que se enxergue de uma vez por todas, e admita que pertencem a uma geração sem qualquer moral para avaliar da bondade ou não dos extremismos políticos. E já agora: que esta crítica não seja interpretada como uma absolvição das ideias fascistas e de André Ventura. Não é.

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