09 agosto 2020

DO «SEXO ORAL GENITAL» ATÉ AO PROBLEMA DE NÃO SE PODER MOSTRAR CRIANÇAS A COMER BANANAS

Lembrei-me deste anúncio de TV de calças de ganga da Lois, velho de uns quarenta anos, porque fiquei com uma história associado a ele. A história de uma amiga que o achava ousado, senão mesmo obsceno. O problema é que, quando confrontada para sustentar a sua opinião numa roda de amigos, o que é que, para ela, seria censurável no anúncio, a explicação concreta encalhava num silêncio bloqueador púdico: o pudor impedia-a de verbalizar aquilo a que, na sua opinião, o anúncio aludiria. Constatado o impasse e para que mais facilmente se ultrapassasse esse duplo constrangimento dessa minha amiga, a conversa seguiu outros rumos. Até que passados uma boa dúzia de minutos, já todos os outros presentes haviam esquecido o assunto, quando essa minha amiga arremete, tensa, em voz alta, em jeito de catarse: - SEXO ORAL GENITAL! Seguiu-se um silêncio interrogativo geral, até se fazerem as necessárias sinapses... O anúncio da Lois conteria então fortes sugestões a práticas sexuais de sexo oral. Em minha opinião, ainda hoje, não particularmente, mas isso é o que agora menos interessa. Tudo sempre foi passível de interpretação e pode ser levado para o lado sexual. Isso continua o mesmo. O contraste para os tempos modernos estará na relutância em exprimi-lo por parte daquela minha púdica amiga, e a diligência como os comentadores das redes sociais de agora avançam para a interpretação (e condenação) dos conteúdos publicitários a pretexto disso. Aconteceu mais uma vez há poucos dias, com este anúncio da Audi que se vê abaixo, onde aparecia uma miúda a comer uma banana à frente de um automóvel estacionado. As críticas desdobraram-se entre questões de segurança (o condutor não a veria à frente do carro), até alusões à sexualidade implícita na imagem de uma miúda a comer uma banana... Nós fartámo-nos de rir com o "sexo oral genital" dessa minha amiga, mas, (mau) sinal dos tempos, a Audi retirou o anúncio apresentando um pedido de desculpas.

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