05 agosto 2020

O FIM DE MAIS UMA CRISE POLÍTICA EM ITÁLIA

5 de Agosto de 1970. Terminava mais uma crise política em Itália, com a posse de um governo chefiado por Emílio Colombo (na imagem). Era a quinta crise política desde as eleições gerais que haviam tido lugar em Maio de 1968 e, desta vez, durara um mês inteiro, conforme a cronologia que abaixo se pode ler e que o Diário de Lisboa publicava nesse mesmo dia. O jornal português qualificava esta crise de «a mais desconcertante» e havia boas razões para tal: a coligação de partidos que apoiava o governo era precisamente a mesma que apoiara o anterior; o elenco governamental era praticamente idêntico assim como a distribuição de pastas pelos partidos, com a notória excepção do primeiro-ministro, que deixara de ser Mariano Rumor para passar a ser Emílio Colombo; a crise prolongara-se porque os parceiros da Democracia Cristã haviam rejeitado a sua pretensão de que fosse (o mafioso, sabe-se hoje) Giulio Andreotti a presidir ao novo governo. Tudo isto, esta política tão personalizada, pareciam ser subtilezas demais para estrangeiros. Já aqui me referi no Herdeiro de Aécio a quanto a instabilidade política italiana se tornara proverbial e como a alusão ao número elevado de governos empossados depois da Segunda Guerra Mundial virou um cartaz indispensável para adicionar em qualquer notícia a respeito da política italiana (embora, estranhamente, essa mesma instabilidade histórica não sirva quando o assunto é a política japonesa...). A evocação destes verdadeiros folhetins políticos de há cinquenta anos podem-no explicar.

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