6 de Janeiro de 1950. A primeira página do Diário de Lisboa exibe uma divergência de fundo entre as políticas externas dos Estados Unidos e do Reino Unido no que concerne à política a adoptar em função da nova realidade chinesa, a da vitória dos comunistas na Guerra Civil. Sobre os americanos escreve-se que haviam decidido não desembarcar na Formosa (Taiwan), o Departamento de Estado norte-americano havia-se superiorizado sobre o Departamento de Defesa, já que os militares não se fiam na capacidade dos exércitos derrotados da China nacionalista em defender a ilha. A opção dos diplomatas pela preservação de uma ordem constitucional chinesa alternativa, veio a revelar-se, se militarmente arriscada (se calhar, nem tanto), politicamente muito sagaz e de uma durabilidade surpreendente: a existência da tal China alternativa ainda hoje representa um incómodo (não disfarçado) para as autoridades de Pequim. Quanto ao Reino Unido, em contraste e na notícia do lado, o pragmatismo e a localização da colónia de Hong-Kong induzem o seu governo - trabalhista - a reconhecer a nova República Popular. Mais uma vez, e são estas omissões que são bizarras, estas notícias sobre a situação na China são publicadas no Diário de Lisboa sem que, em complemento, se diga alguma coisa sobre o que em Lisboa se pensa sobre o assunto, considerada a localização de Macau.
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