01 janeiro 2020

COMO MUDOU O «NOVO ANO PRESIDENCIAL» NESTES ÚLTIMOS CINQUENTA ANOS!

1 de Janeiro de 1970. Na tradicional mensagem presidencial de Ano Novo, difundida por toda a comunicação social, incluindo a imprensa escrita do dia seguinte (abaixo), o venerando almirante Américo Tomás fazia um balanço daquela que fora a sua actividade como Chefe de Estado no ano que findara: como se pode ler na notícia abaixo, «em 18 e 19 de Janeiro deslocara-se pela primeira vez à cidade do Porto, para assistir a diversas cerimónias e realizar diversas visitas e, sobretudo, para presidir à inauguração de um Centro de Formação Profissional Acelerada. Pouco mais de um mês depois inaugurara outro Centro análogo na vila do Seixal. A 11 de Março visitara o Regimento de Infantaria 5, nas Caldas da Rainha (...). A 10 de Abril presidira à inauguração do novo e magnifico edifício da Biblioteca Nacional. A 17 de mesmo mês, deslocara-se a Coimbra para inaugurar o novo e belo edifício da Matemática da Universidade e para visitar a Escola de Regentes Agrícolas e dois liceus (o segunda na Figueira da Foz). A 20 visitara oficialmente pela primeira vez a vila de Peniche. Em 27 e 28, ainda do mesmo mês, visitara novamente a cidade do Porto, em especial para inaugurar o Parque Desportivo Salazar da FNAT e visitar o Regimento de Infantaria 6. No dia 10 de Maio presidira à inauguração, na cidade de Lagos, da estátua do navegador Gil Eanes. No dia seguinte presidira à inauguração do empreendimento hidro-agrícola do rio Mira (...) que recebeu o nome de Marcello Caetano a pedido das forças vivas dos distritos de Beja e Faro. No dia 15 visitara a Escola de Fuzileiros Navais em Vale do Zebro. Em 23, ainda de Maio, visitara oficialmente e pela segunda vez a cidade de Portalegre. Em 1 de Junho presidira à inauguração da Feira Nacional da Agricultura em Santarém que visitara segunda vez no seu fecho.» E a resenha da actividade prosseguia.
Repare-se contudo que na narrativa de Américo Tomás já quase se estava a meio do ano (1 de Junho) e a nossa sensação, tomando como referência os ritmos da presidência moderna, é que a enumeração dos compromissos do almirante bem poderia ter sido despachada pelo professor (Marcelo) em pouco mais de uma semana... Tanto assim que, quando se soube que o nosso actual presidente ia, desta vez, passar o ano à ilha do Corvo, logo imaginei quanto se poderia montar um calendário mais ambicioso, incluindo o primeiro mergulho presidencial do ano numa praia corvina (o que, parece, se assegurou), a que se seguiria directamente a travessia a nado do Corvo até às Flores (veja-se abaixo), dispensando as vicissitudes das ligações aéreas (como normalmente elas nos são contadas, para dar mais estaleca a estes gestos*).
* A propósito do exagero como se noticiam estas coisas - aterragem arriscada(!) no Corvo - vale a pena avaliar o que se escreve pelo seu valor facial, e perguntar a quem escreve e a quem publica estes disparates que oficial piloto aviador da Força Aérea Portuguesa é que eles conhecem, que seria suficientemente irresponsável para arriscar qualquer manobra de voo que fosse, quando transporta o Comandante Supremo das Forças Armadas...

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