Convidamos o leitor do blogue a fazer uma viagem por títulos de jornais até há um pouco mais de cinco anos atrás, a Outubro de 2014, quando o ministro da Economia da altura, António Pires de Lima (tomara posse do cargo em Julho de 2013), assegurava que um tal de Banco de Fomento podia estar operacional no mês seguinte. Não estava, mas isso não era razão para que, em Janeiro de 2015 (há precisamente cinco anos), o mesmo Pires de Lima continuasse a prometer a operacionalidade (e os benefícios) do famoso Banco para breve.
O tempo, esse teimoso agente político que desmente os protagonistas do meio que não cumprem a sua palavra, veio mostrar que o Banco não havia sido para breve e, muito pelo contrário, quando da posse do governo da geringonça quase um ano depois, em Dezembro de 2015, o que o novo governo estudava era o desmantelamento do dito banco, uma instituição que, de tão acarinhada por Pires de Lima, se descobria ter sido afinal idealizada por Vítor Gaspar (i.e., antes de Julho de 2013).
O governo estudava, mas o tempo novamente terá mostrado que deixara de estudar... Ou então que o estudo o levara para outras paragens. Dois anos depois, em Janeiro de 2017, e com o ministério agora ocupado há dois anos por Manuel Caldeira Cabral, a notícia era que o Banco de Fomento ressuscitara. Agora é que ia ser: ia servir para uma data de coisas. As mesmas de Pires de Lima e ainda mais outras.
Ia servir... mas não serviu. Como o seu antecessor Pires de Lima, também Caldeira Cabral abandonou o governo sem concretizar a tal de ressurreição, e o assunto volta agora à agenda mediática, com uma urgência dos cem primeiros dias se atendermos à conversa do super-ministro Pedro Siza Vieira. Caso houvesse uma dose razoável de memória e vergonha na política portuguesa, e caso isto seja mesmo para levar a sério desta vez, então Siza Vieira deve despachar este assunto com a maior discrição possível, que o embaraço associado à conversa do Banco de Fomento parece-me transversal a todo o sistema.
Inacreditável! Como é que estes casos nunca são devidamente retratados e investigados pelos jornalistas?
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