Como se todos emanassem de uma origem comum, os cabeçalhos das notícias a respeito de Isabel dos Santos dão as autoridades portuguesas como atentas. Também a uma só voz - ou melhor, a um só silêncio... - as várias notícias complementam-se na ausência de explicações mais concretas em que poderão consistir os "factos novos" que mereceriam a atenção (e a intervenção, presume-se...) do Banco de Portugal e das restantes autoridades de regulação nacionais. E, já completamente fora das capacidades anímicas da comunicação social portuguesa, apresentar-se-á o desenvolvimento analítico da mesma notícia, aventando a possibilidade de que, durante muitos anos, por contraste e da parte de um Banco de Portugal que agora nos informa estar atento, terá existido um défice de atenção quanto às movimentações financeiras da filha do presidente angolano e de vários outros possidentes do regime angolano, agora caídos em desgraça. É que, e já agora mudando de assunto, quando o presidente Marcelo «sugere medidas experimentais de apoio à comunicação social em 2020», eu tenho uma certa dificuldade em abstrair-me que a comunicação social que existe é esta... e esta parece-me apoiada, embora não propriamente em prol da informação que eu estou interessado em saber.
ADENDA:
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A comunicação social portuguesa não antecipava mas, esta mudança de Isabel dos Santos para o Dubai, hoje anunciada pelo Expresso e depois reproduzida pelos restantes órgãos de comunicação social, é capaz de constituir o tal «facto novo» a que o Banco de Portugal deveria estar atento. Não vá o diabo tecê-las, Isabel dos Santos preferiu mudar de ares. Sim, porque a questão das cidadanias múltiplas da filha do ex-presidente angolano, que é também destacada pela notícia do Expresso (cidadania russa), não serve para nada quando se perde o sentido de timing. Que o diga Carlos Ghosn, o antigo presidente da Renault que estava preso no Japão e que até tinha mais nacionalidades opcionais que Isabel dos Santos: francesa, brasileira e libanesa. Mas, como subestimou a capacidade de iniciativa do poder judicial japonês e se atrasou a mudar de ares, teve agora que apanhar discretamente um avião (presumo que privado) para o Líbano, escondido dentro de uma caixa de um instrumento musical... Reconheçamos que pobres e remediados evadem-se como podem, mas os ricos, como Isabel dos Santos, não gostam que se saiba que fizeram figuras tristes, sentados clandestinamente dentro do estojo de algum contrabaixo...
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